Inapto a sofrer
O vento vai passando leve entre as agonias, e sopra ao pé do ouvido alguns dizeres... E o destemido, observando a desgraça a sua frente, assiste lisonjeado ao devaneio dos tolos. Pobres, pobres d'alma.
E o vento sopra a melancólica e trepida poesia soturna...
...
"Veja com os teus olhos,
não os de outrem,
o quão fútil fora,
mera opção inapta
O cheiro da agonia
permaneia em teu ar
Pode fazer tudo
Mas não queres nada!
O sabor de sua vitória
em meio a tanta derrota
Amargo, que de tão prazeroso
É doce...
Ouça os rumores,
A distância de tudo
Rumores dos inacabados
Que nunca se terminarão!
Sinta,
reflita,
'o idiota fica pra depois'
Tantos idiotas!"
E enaltecido pelos versos, deita a beira do pedregulho O destemido, contemplando sua perfeição insólita; Inapto a tudo; a ver os encantos, ao cheiro da lembrança, ao sabor da derrota e da vitória, ao rumor dos desgraçados, ao frio de sua solidão.
Inapto a sofrer.
Feliz?
Talvez.