Inapto a sofrer

O vento vai passando leve entre as agonias, e sopra ao pé do ouvido alguns dizeres... E o destemido, observando a desgraça a sua frente, assiste lisonjeado ao devaneio dos tolos. Pobres, pobres d'alma.

E o vento sopra a melancólica e trepida poesia soturna...

...

"Veja com os teus olhos,

não os de outrem,

o quão fútil fora,

mera opção inapta

O cheiro da agonia

permaneia em teu ar

Pode fazer tudo

Mas não queres nada!

O sabor de sua vitória

em meio a tanta derrota

Amargo, que de tão prazeroso

É doce...

Ouça os rumores,

A distância de tudo

Rumores dos inacabados

Que nunca se terminarão!

Sinta,

reflita,

'o idiota fica pra depois'

Tantos idiotas!"

E enaltecido pelos versos, deita a beira do pedregulho O destemido, contemplando sua perfeição insólita; Inapto a tudo; a ver os encantos, ao cheiro da lembrança, ao sabor da derrota e da vitória, ao rumor dos desgraçados, ao frio de sua solidão.

Inapto a sofrer.

Feliz?

Talvez.

Leo Zapparoli
Enviado por Leo Zapparoli em 26/02/2011
Código do texto: T2816343