Eram os deuses botânicos
Graças ao meu melhor livro de crônicas comprei um automóvel, uma casa com piscina e uma bicicleta sem pneu. Tomei alguns chopes. Conversei com mulheres no ponto da meiguice nas altas da madrugada. Fiz alegres orgias nas bodegas cheias.
Dormia quando acordava o dia e quando recomeçava era para sonhar novamente. Foi neste estado deslumbrante em que tudo é belo onde parei e disse: enriquecerei com literatura. Enriqueceremos através do pensamento positivista Seu Durão. (Nome bom de caboclo pachola).
Refazendo os caminhos agora atenderam a ligação do Editor. Veio com essa de afinal quem eram os deuses… A frase caiu no meio da ligação. Sem querer consolidava a temática ainda latente nos fundos da minha irreproduzível imaginação. Mentalmente um bom cronista é antes locutor e nós o louvamos graças às palavras e reinações de Nairinha.
Esse camarada calado diante das coisas que rolam sobre o mundo neste aranzel que eu tinha louvado valia todo o meu esforço. Então se São Paulo detivesse um pouco a poluída caminhada eu amanheceria caminhando no Viaduto do Chá. Se os Deuses tivessem ido embora quando ela chegou, decerto os salmos não seriam os mesmos.
Aposto e contando agora, após longa jornada de sucesso literário, o tema é antigo, e o passado fascina a mais ínfima curiosidade. Depois onde eu estava quando escrevi Eram os deuses botânicos? Olhando pela janela o cabelo lucilante da encantadora Indiana Monroe jardinando amoras, confundindo-se na sombra musguenta com a mais clássica das samambaias; esse era o ponto onde confundimos todas as coisas. Tudo começava a ter gosto de mistério insondável. Agora o livro fora identificado pelo Autor. Vertido para todos os idiomas bem humorados existentes no planeta civilizado.