Efeitos da melodia
Ao cair da noite, ao brilho do luar, das estrelas e à beira do mar, foi nesta circunstância que Melaine começou a dançar. Estava tão embriagada pelos efeitos da melodia, que não percebeu que havia um admirador a lhe observar.
Melaine só se sentia viva quando o som de alguma música alcançava seu ouvido e a envolvia, fazendo-a flutuar. Não importava se era música romântica, rock ou MPB, o importante era o efeito que ela podia fazer.
A melodia penetrava em seu corpo, percorria suas veias e, ao fechar os olhos, a canção parecia fazer par de dança com ela, não importando se era um ritmo rápido ou lento, o fato era que Melaine se entregava à música e a música se entregava a Melaine. Não havia outra maneira de fazê-la suspirar e se expressar, de conhecê-la e poder se aproximar. Pois sem o envolvimento da canção ela não sabia se submergir com seu semelhante. Perdia todo o sentido da vida, esquecia de quem era e não deixava ninguém se aproximar, como um animal que não podemos tocar, e dormia muito até ser despertada por sua melhor paixão: a melodia, a música, a canção.
Seu admirador, que a avistava de longe, teme em se aproximar e acabar com aquele momento mágico de vê-la dançar; naquele momento, a música “Tu és divina e graciosa estatua majestosa do amor...”, do cantor Cartola, no qual falava dela mesma.Toda semana o rapaz a admirava, em horários diferentes, e ela sempre estava com a mesma graça e beleza. Estava apaixonado, porém não conseguia se achegar. Precisava de outra ocasião, mas o que não sabia é que toda vez que ela estava dançando, era sempre o melhor momento para se aproximar.