DOIS CORAÇÕES
Estou me sentindo observada. Todos os meus passos estão sendo vigiados, o balançar dos meus cabelos, o piscar dos meus olhos, o estalar dos meus dedos, o morder dos meus lábios, o descruzar das minhas pernas.
Estes olhos que me perseguem, se anuviam com o meu eterno ignorar. Sou a vilã? O que eu posso fazer? Foi me entregue um coração, o tenho nas mãos. Eu poderia colocar-lhe rédeas, poderia trocar pelo meu, mas escolhi ignorá-lo. Tenho culpa? Não o quis, não o pedi. Mas, foi me dado, e eu simplesmente me resigno a dizer que não sei o que fazer com ele.
Me entenda, me dói não saber. Não quero parti-lo, mas por ignorá-lo o faço sangrar. Minhas lágrimas não vão consertá-lo, mas com o meu sorriso o faço bater mais forte. Não me orgulho disso, tenho dois corações e ele nenhum.
Ao virar as costas para o dono dos esperançosos olhos perseguidores, sinto que sou fiel a mim mesma, mas torno-me a vilã da história.