MEDO DA SOLIDÃO...
Força é soltar as amarras do medo que impedem nossos passos.Ter medo é renunciar à vida. De braços dados com o medo a vida se esvai, os sonhos se tornam pesadelos,a vontade se estiola, a alegria é palco de permanente vazio. O medo fortalece nossas fragilidades. Assim se configura por já nascermos com a marca do medo, seu sinal é forte, choramos para aspirar e respirar a vida – nosso maior bem – e seu alimento, o oxigênio.
Com origem no imemorial, ele se torna presente na realidade quando chegamos trazidos pela inocência.Ninguém irá revogar ou neutralizar a jornada do temor, do medo, projetado em tantas e tantas hipóteses viáveis; é preciso enfrentá-lo.Como sinos o medo martelará nossos pensamentos e se fará ouvir acercando-se de nossos minutos, dias, ações, propósitos. Imperatvo se torna que não seja senhor e faça de nós servos subjugados em sua dominação. Impõe-se sublimá-lo, afastá-lo.
Temos que sofrer, ninguém veio ao mundo só para festas. Esse banquete não nos serve a natureza, contudo, o pior dos medos é o medo da solidão, pois é ela que nos aproxima de nosso maior tesouro, nosso interior. Pelo silêncio proporcionado na solidão encontramos a nós mesmos, a visão frontal do que somos, nossa realidade, para abraçá-la no grande abraço espiritual que nos devemos, atingindo a plenitude da universalidade que nos trouxe vida.
A riqueza interior, quem a tem, faz expulsar o medo, não tem medo quem possue riqueza interior. Quem conhece o perfil da vida de forma consciente, que não repele sua consciência e vive na correção, aquele que execra os tortuosos caminhos que não edificam, não tem medo de nada, principalmente da solidão, ao revés, procura-a.
O homem que está em paz sabe que a vida é uma ilusão que mata. O universo é cada grão que o forma nas mais variadas materias, a ele tudo e todos pertencem, à eternidade, na passagem calma ou selvagem da natureza e da transformação imposta, irrecusável, definitiva. Nada nem ninguém escapará, é a sinfonia dos que pensam ou não, da forma que tem ou não neurônio, alma, neste ou em outro planeta do cosmos “informe e vazio”, para uns, pleno para outros. São os personalíssimos sacrários penetráveis pelo silêncio da solidão.