INTELECTUALIDADE ???

- Você vislumbrou a última exposição do Lapidet? Foi uma ótima expressão do que é arte, no mais puro significado da palavra. Os extintores simbolizavam toda a angústia de um protagonista invisível e – ao mesmo tempo – oblíquo, que nada tinha a fazer depois da guerra civil espanhola. E Guernica estava muito bem ilustrada na forma de guarda-chuvas abertos e fechados, dizendo não a uma sociedade que impõe às mulheres uma situação semelhante à que Hitler fez com os judeus. Far-se-ia desnecessário dizer que toda essa áurea de paixão entre os gnósticos, que entrelaçam toda a trama, trespassando pela sociedade moderno-burguesa, não é mais do que um furor, em que os personagens – agora transmutados em sofás e poltronas – rabiscam o sentimento do mundo, de maneira muito mais elucidante. Na verdade, só fiquei apaixonada por Lapidet depois que interpretei os seus mais profundos sentimentos do ser, e do dever ser, que ele expôs brilhantemente na Hippoldert Gallery, em Londres. No momento em que ele perguntava: "Qual é a cor da vida?", essa dialética ontológica e deontológica – antropofomiscigenada com o classicismo – que envolve totalmente os intelectuais (verdadeiros amantes da arte) tornava-se, simultaneamente, sutil e devastadora!

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Raul Ribeiro
Enviado por Raul Ribeiro em 26/06/2005
Reeditado em 08/07/2005
Código do texto: T28121