CORAÇÃO DE MENINO

Nos meados de abril o munfumbo floresce.

O perfume se espalha saindo

em busca de lembranças do passado,

lá me encontra na primeira infância.

A casa grande, a fazenda no meu sertão cearense.

Mundo de gado, de plantação... Era meu mundo.

E no mês de junho,

¨finr dágua¨, festa de apartação.

Queria ser vaqueiro,

sonhava montando um bravo alazão,

encourado de perneta e gibão.

Mas com um aboio distinto

Empurrou-me o destino,

rumo a cidade grande.

Hoje o cheiro é de diesel e caatinga é fedor,

o vaqueiro se perdeu numa mata

fechada de asfalto e concreto

e o coração do menino,

frente a esse desatino,

enrijeceu e chorou.

Neto Madeiro

Joaquim de Sousa Madeiro
Enviado por Joaquim de Sousa Madeiro em 24/02/2011
Código do texto: T2811939
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.