CORAÇÃO DE MENINO
Nos meados de abril o munfumbo floresce.
O perfume se espalha saindo
em busca de lembranças do passado,
lá me encontra na primeira infância.
A casa grande, a fazenda no meu sertão cearense.
Mundo de gado, de plantação... Era meu mundo.
E no mês de junho,
¨finr dágua¨, festa de apartação.
Queria ser vaqueiro,
sonhava montando um bravo alazão,
encourado de perneta e gibão.
Mas com um aboio distinto
Empurrou-me o destino,
rumo a cidade grande.
Hoje o cheiro é de diesel e caatinga é fedor,
o vaqueiro se perdeu numa mata
fechada de asfalto e concreto
e o coração do menino,
frente a esse desatino,
enrijeceu e chorou.
Neto Madeiro