Férias, doces férias...
Depois de um loooooongo período de isauração que me exauriu, finalmente pude tirar umas feriasinhas. Ligeiras, porém maneiras. Então fui conhecer o Fernando... de Noronha.
Logo na chegada, a gente ouve aquele coro de "ooohs" e "aaahs" enquanto o avião sobrevoa o arquipélago dando uma volta completa. Se há um paraíso, certamente se parece com aquele lugar. Uma ilha nem grande, nem pequena, com algum relevo e muito verde, cercada de ilhotas, pedregulhos e o oceano Atlântico por todos os lados.
Cada praia é mais linda que a outra - aquele marzão azulzinho, contrastando com o verde exuberante das matas, a areia clara, as pedras escuras e o céu cobrindo tudo.
Fomos recebidas, eu e minha irmã, por uma chuva que não estava no pacote contratado. Mas não nos fizemos de rogadas: alugamos um bugue, que nos pareceu ser o mais "ferrari" - de tão ferrado - entre todos os muitos e vários que se vêem por toda a ilha, e fomos aos trancos e barrancos assistir a uma palestra sobre os golfinhos no auditório do Projeto Tamar. Valeu a pena o curso intensivo de "golfinhologia", bem como saber que há gente trabalhando pela preservação daquele paraíso, com todos os seres que lá habitam, ainda que temporariamente.
No dia seguinte, a chuva deu uma trégua e fizemos o ilha tour - em que umas pick-ups, como aquelas que a gente vê nos filmes de safári, levam pequenos grupos de turistas pra conhecer as praias que são liberadas, já que quase metade da ilha é restrita aos muitos projetos e pesquisas governamentais e institucionais.
É uma baita aventura, porque nem sempre o acesso é fácil. Em algumas, para se chegar é preciso encarar longas trilhas no meio da mata e até, num dos casos, umas compridas escadas rústicas que se espremem numa fenda estreita na pedra. Em outras, pode-se chegar de carro depois de se chacoalhar por estreitas estradinhas de areia e pedra, com mata cerrada em ambos os lados.
Havia um campeonato de surf rolando justamente no período em que fomos, de modo que curti muitíssimo assistir os hábeis garotões fazendo todas aquelas manobras mirabolantes sobre as pranchas. Até porque o mar estava tão bravo que eu não me atrevia a ir além da espuminha.
No outro dia, fizemos o indefectível passeio de barco que, além de nos proporcionar uma visão deslumbrante do lado da ilha que se volta para o que eles chamam de "mar de dentro", vendo pela perspectiva do mar as praias e relevos que havíamos conhecido no dia anterior, também tivemos a imensa felicidade de ver um grupo de lindos golfinhos acompanharem o barco durante um trecho do percurso. Sabíamos, pela palestra, que aquilo estava longe de ser uma exibição gratuita. Na verdade, aqueles golfinhos são os "guardas" e fazem isso pra distrair o que eles consideram como predadores - nós e o barco -, enquanto o resto do bando passa ao largo.
Nos dias livres, pegávamos nossa "ferrari" amarela e íamos aos trancos e barrancos passear por nossa conta. O passeio mais legal foi na Praia do Boldró, onde desfrutamos da simpática companhia de duas cadelas labradoras, que nos pareceram ser os cães mais felizes do mundo. E ainda tivemos o inenarrável encantamento de assistir a uma boa meia hora de exibição de todo o repertório de saltos e contorcidas dos golfinhos rotadores. Havia um grande bando deles logo depois da arrebentação e, segundo o que aprendemos na palestra, cada salto e pirueta tem um significado e serve para que se comuniquem uns com os outros. No caso, os líderes da turma estavam tentando reagrupar a rapeize pra irem dar uns bordejos em outras quebradas.
No mais, comemos muito camarão e peixe fresco do mar - coisa bastante rara pra quem mora a mais de mil quilômetros da praia mais próxima -, tomamos várias cervejinhas geladas à sombra acolhedora dos telhadinhos rústicos de um bar na beirinha do mar, enfim, curtimos tudo a que tínhamos direito e mais um pouco. Pena que passou tão rápido, eu bem que poderia me acostumar com aquilo tudo...
Depois voltamos pra Natal, de onde havíamos partido para chegar a Fernando de Noronha. Mas isso vai ficar pra próxima crônica.