O TEMPO DA SOLIDÃO DO HOMEM
Realmente, eu não estava nem um pouco motivado para escrever alguma coisa. Simplesmente persuadia no meu ser muito ócio e, ainda mais, estava sem ânimo e inspiração. Fiquei a pensar em que escrever e, também ficava hesitando como ou por onde começar. Peguei então um livro escolar meu da 1ª série do ensino médio __ Abri o livro de olhos fechados e acabei me deparando no mundo do grande poeta simbolista Alphonsus de Guimarães. Em sua célebre e magnífica poesia, “A Catedral”, ouvi o sino lhe chamando o tempo todo em seus versos. E ele não parava de ranger: “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
O tempo que passa diariamente não cessa um instante, e isso se repete infinitamente, pois esse é o tempo da solidão do homem. “A catedral ebúrnea do meu sonho às vezes aparece no céu risonho; às vezes aparece cansada; outras vezes aparece tristonha e medonha.”
Os ponteiros do relógio andam...
E com apenas o melodioso som do sino estou redigindo este texto:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
As fases do dia se complementam. E em vagarosos rangidos o sino não pára de falar.
Pela manhã, o alegre sino canta:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
Ao meio dia, o mísero sino clama:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
À tarde, o sino chora em um sentimento plangente:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
À noite, o sino geme em uma dor contundente:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
A mudança de paisagem vai sendo acompanhada com o sino, embora seja o refrão o mesmo. Todavia, a batida do sino com seu rangido ensurdecedor representa o passar das horas. E todo dia, intensamente, o sino ruge languidamente: “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”