ONZE FILHOS
Na Colônia Penal encontram-se os Onze Filhos, de Kafka. Não no presídio de que trata a narrativa que dá título ao livro, mas num dos contos que compõem a reunião de curtas histórias, sínteses da visão de mundo, de antevisão à humanidade submetida pelo autor ou, conforme observa no prefácio, Torrieri Guimarães: “uma análise profunda da natureza humana.” Lendo-a, diz Torrieri: “um arrepio percorre a nossa espinha, porque de imediato relacionamos as torturas a que os condenados estavam sujeitos, como se descreve as infamantes injustiças e cruéis perseguições ao povo judeu durante o bestial reinado do nazismo.”
Esta incrível máquina de execução é objeto de minuciosa descrição da tortura mecânica imposta aos condenados. A máquina, ou “aparelho singular”, marcava-lhes os corpos com uma inscrição correspondente à infração cometida, já ali se caracterizando uma espécie de antecipação ao que mais tarde viriam sofrer as vítimas do nazismo.
Em Onze Filhos Kafka descreve de cada qual os traços físicos e o perfil psicológico do primeiro ao undécimo. É uma análise profunda em que se estabelece um paralelo a cada tipo físico, de forma harmônica ou conflitante com a radiografia do respectivo caráter. Essa é uma observação do particular ao geral, manifestada pelo autor e da qual se pode deduzir pontos divergentes e coincidentes na condição de leitor igualmente observador. Cada filho com suas características, suas idiossincrasias que os individualizam em suas identidades. É como se ao ler o conto olhássemos o mundo e as pessoas pela mesma ótica do narrador, considerando cada personagem também um filho ou, quem sabe, um irmão ainda não descoberto no nosso particularíssimo mundo, em nossa tão estranhamente pessoal humanidade.
-x-
Classifiquei este texto como crônica, embora nele contenha alguns elementos da resenha.
Como não sou afeito ao segundo gênero, dou-me ao direito de subvertê-lo.
Na Colônia Penal encontram-se os Onze Filhos, de Kafka. Não no presídio de que trata a narrativa que dá título ao livro, mas num dos contos que compõem a reunião de curtas histórias, sínteses da visão de mundo, de antevisão à humanidade submetida pelo autor ou, conforme observa no prefácio, Torrieri Guimarães: “uma análise profunda da natureza humana.” Lendo-a, diz Torrieri: “um arrepio percorre a nossa espinha, porque de imediato relacionamos as torturas a que os condenados estavam sujeitos, como se descreve as infamantes injustiças e cruéis perseguições ao povo judeu durante o bestial reinado do nazismo.”
Esta incrível máquina de execução é objeto de minuciosa descrição da tortura mecânica imposta aos condenados. A máquina, ou “aparelho singular”, marcava-lhes os corpos com uma inscrição correspondente à infração cometida, já ali se caracterizando uma espécie de antecipação ao que mais tarde viriam sofrer as vítimas do nazismo.
Em Onze Filhos Kafka descreve de cada qual os traços físicos e o perfil psicológico do primeiro ao undécimo. É uma análise profunda em que se estabelece um paralelo a cada tipo físico, de forma harmônica ou conflitante com a radiografia do respectivo caráter. Essa é uma observação do particular ao geral, manifestada pelo autor e da qual se pode deduzir pontos divergentes e coincidentes na condição de leitor igualmente observador. Cada filho com suas características, suas idiossincrasias que os individualizam em suas identidades. É como se ao ler o conto olhássemos o mundo e as pessoas pela mesma ótica do narrador, considerando cada personagem também um filho ou, quem sabe, um irmão ainda não descoberto no nosso particularíssimo mundo, em nossa tão estranhamente pessoal humanidade.
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Classifiquei este texto como crônica, embora nele contenha alguns elementos da resenha.
Como não sou afeito ao segundo gênero, dou-me ao direito de subvertê-lo.