Bolhas de sabão...

Frente ao espelho, ela adorava fazer bolhas de saliva.

Ficava horas ali, bocão escancarado e se divertia muito mais que ao fazer bolinhas de sabão...

Ao menos não sentia o gosto ruim na boca. E não precisava de vento.

Era só micagem e o espelho devolvia fiel, cada contração facial, além de espelhar a explosão, sem que precisasse fechar os olhos por causa do vento, perdendo o espetáculo do estouro...

Em bolhas agora, a sua alegria...

Idos, todos os amigos, espelhos de seu afeto.

Foi-se o João, foi-se o Zé, foram-se todos em procissão...

Mundo cão! Melhor teria sido se em bolas de sabão...

Seria só o gosto ruim na boca... Nada que um chiclete não pudesse resolver...

Mas esse amargo de agora...

Ah, senhora vida, espelho de tantas agonias, acaso não exagerastes com a brincadeira?

ANJA PERALTA
Enviado por ANJA PERALTA em 23/02/2011
Reeditado em 23/02/2011
Código do texto: T2811079
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