Bolhas de sabão...
Frente ao espelho, ela adorava fazer bolhas de saliva.
Ficava horas ali, bocão escancarado e se divertia muito mais que ao fazer bolinhas de sabão...
Ao menos não sentia o gosto ruim na boca. E não precisava de vento.
Era só micagem e o espelho devolvia fiel, cada contração facial, além de espelhar a explosão, sem que precisasse fechar os olhos por causa do vento, perdendo o espetáculo do estouro...
Em bolhas agora, a sua alegria...
Idos, todos os amigos, espelhos de seu afeto.
Foi-se o João, foi-se o Zé, foram-se todos em procissão...
Mundo cão! Melhor teria sido se em bolas de sabão...
Seria só o gosto ruim na boca... Nada que um chiclete não pudesse resolver...
Mas esse amargo de agora...
Ah, senhora vida, espelho de tantas agonias, acaso não exagerastes com a brincadeira?