A CRIANÇA E O IDOSO

Nascer, crescer e morrer é um processo natural da vida. Espera-se que o morrer seja por envelhecimento, porque por mais que se queira viver por muitos anos, o fato é que “ninguém fica para semente”, como se diz, mas quanto mais seja retardada a partida, melhor, embora não dependa da nossa vontade saber quando se vai partir, o que não impede de existirem os suicidas. Estes fogem à regra da normalidade e ou é ato de coragem, ou de total desespero. Escuto alguém dizer que Deus deveria ter permitido a gente nascer aos 90 anos e ir regredindo até chegar à infância e a morte acontecer. Ideia maluca e não sei se seria a solução, já que a partida aconteceria sempre. Talvez seja porque a criança geralmente tem a memória fraca e não é à toa que cai, chora, levanta e volta a cair, sem pensar o quanto foi dolorido o sofrimento anterior. Paulatinamente é que vai registrando fatos e sedimentando hábitos. Fiquei pensando: a memória da criança guarda muito pouco,principalmente nos 4 a 5 primeiros anos, de forma que ela pede que repitamos e repitamos histórias infantis. Há sempre retornos na vida, só que os idosos tendem a repetir muitas vezes uma mesma história. Por que será? Só memória fraca ou o “alemão” Alzheimer anda rondando? Antigamente falavam: Vá tomar “memoriol”. Hoje, brincando, sugerem: Está precisando de “gincobiloba!” Os jovens não têm paciência e dizem: “Já está repetindo o que já contou!”. Há quem se chateie, outros entendem que o jovem é impaciente.

Quando vemos uma pessoa lúcida, com relativa saúde, que tenha ultrapassado os oitenta anos, pensamos, com certo pesar, que a morte não anda tão longe. Ainda bem que o ser humano é dotado do instinto de conservação e vive o dia-a-dia, usufruindo do presente. Todos deveriam fazer o mesmo, em qualquer idade, sem nunca ficar adiando os projetos, já que o tempo passa rápido e para sairmos de “cena” foge ao nosso controle. Ao ver o documentário sobre José Saramago “José e Pilar”, registrei o quanto ele sabia da proximidade da morte e dizia: “Não tenho medo de morrer”, já ultrapassando os oitenta anos. Definia a vida como o estar aí e a morte como não mais ter estado. Viver o hoje para não lamentar o que deixou de fazer. Quando com a idade houver impedimentos físicos, restarão as boas e doces lembranças para reviver.

Na verdade, a diferença entre a memória da criança e a do idoso reside em que na primeira todas as informações estão sendo armazenadas e a memóriafica parecendo, simbolicamente,com algo poroso, em que tudo, ou quase tudo, é absorvido e um dia poderá ir à tona. Já a do idoso está saturada de tantas informações acumuladas e, então, é seletivo nas coisas mais importantes, ou que fazem parte do seu viver cotidiano.

Há fatos que temos o poder de controlar, como a prevenção de doenças e, para tal, os avanços da medicina, da educação física, da nutrição, da endocrinologia, cardiologia e outros vão permitir uma vida mais saudável. Entretanto, a hereditariedade, a genética e o meio possuem forças que fogem ao controle. Restam usufruir dos avanços a nosso favor, sem descuidar, em nenhuma hipótese, das atividades físicas e aproveitar, buscando o que bom estiver ao nosso alcance, porque aquilo que não controlamos é perda de tempo ficarmos paralisados nesta questão. Trabalhar sempre a memória é um fator que ajuda o cérebro retardar os males trazidos com a idade.Há inúmeras formas de manter a mente ativa e as indicações são várias, como assistir filmes e comentá-los, o que é válido também para livros, fazer palavras cruzadas e aprender uma língua estrangeira são recursos dentre outros

Edméa
Enviado por Edméa em 23/02/2011
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