O horizonte da escrita.

Ainda não comprei minha agenda de 2011.

Então, usarei a de 2010, mudando as datas, apenas.

Neste momento, eu deveria estar no "trabalho."

Digo trabalho entre aspas pois é o que realmente é - a imitação daquilo que é digno de ser chamado de emprego. Mas eu não faltei por isso-estou gripada mesmo.

Meus braços não me deixam escrever muito, graças ao meu "trabalho". Sou digitadora. Fim. Isso é tudo o que sei sobre a "empresa" (pequena porta - mal - aberta no meio do nada, abrigando diversos trabalhadores num ambiente quente, empoeirado e, se me permite dizer, ridículo).

Minha rinite vem me visitar frequentemente agora que comecei a trabalhar lá. Pelo menos é uma visita (indesejada), mas ninguém dá importância aos parênteses, mesmo.

Deveria ser proibida a existência da rinite.

Ia dizer que da saudade também, mas a caneta pousou sob o papel por um instante. Não...a saudade deve existir, sim. Afinal, não a sentimos apenas pelas pessoas distantes, com quem não convivemos mais ou que, por algum triste motivo, afastou-se de nós.

E, nem assim, a saudade seria ruim - ela prova que o passado marcou algum lugar do seu coração.

Melhor ainda é aquela saudade agoniante, que aperta no peito e desperta a ansiedade de ver a semana chegando ao fim, sabendo que os 3 dias de descanso do labor serão também de descanso para o aflito coração, que cultivou a saudade a semana inteira, os minutos inteiros, em cada um de seus - tão longos - segundos.

Eis que a semana recomeça - tal como a saudade. Ou engano-me: esta nunca se esvairece.

(...)

Escrever é sensacional.

A mente flui, e diversos temas passeiam pela mente até chegarem à ponta do lápis. Mas, dessa vez, fui longe demais.

Se essa fosse uma redação valendo nota, na certa ela seria um tanto baixa, e ainda viria com um pequeno aviso no canto da folha: "Fugiu do contexto inicial do texto".

Fugi mesmo, e me orgulho disso. Não por fazer um texto desconexo - mas por ter a deliciosa liberdade de escrita em mãos, aonde tudo o que eu preciso é de um lápis e uma folha em branco.

Do resto, minha imaginação se encarrega.

Não quero notas, não quero avaliações, não quero não poder usar a 1ª ou qualquer que seja a pessoa da família singular ou plural.

Quero apenas poder dizer tudo aquilo que guardo, tudo aquilo que acredito e que nem eu mesma entendo.

Eu não entendo, e repito.

Por isso escrevo, para ver se meu nível de entendimento aumenta um pouco, ou se perde mais ainda.

Nota dez! Ou talvez mais, àqueles que possuem a liberdade na ponta do lápis.

E mais uma vez, mudo o contexto.

Nota dez!

Fernanda Gouveia
Enviado por Fernanda Gouveia em 23/02/2011
Reeditado em 23/02/2011
Código do texto: T2809797