Salvador
Um carnaval de músicas chulas
Mais uma semana, e os trios elétricos, bandas de pagode e blocos tribais tomarão de assalto as ruas e ruelas de Salvador. E, imediatamente, a balbúrdia se instalará nos quatro cantos da doce terra de Dorival Caymmi.
De Caymmi me lembrei quando, horas atrás, voltando do Aeroporto Dois de Julho (este deve ser o seu nome) passei pela mítica praia de Itapuã. Gente pra xuxu!
Lindas negras e mulatas, com suas nádegas avantajadas, brincavam nas suas esbranquiçadas areias. Diante delas, não fiz outra coisa senão admirar-lhes os requebros, que pareciam acompanhar o balanço do mar.
Ai,iaiá de ioiô!
Um parêntese. Não me condenem porque escrevi Itapuã e não Itapoan. Apenas segui o que determina o Guia Ortográfico e Ortofônico, do mestre Luiz Antonio Sacconi, uma edição, a mais nova, obediente ao que estabelece o Acordo Ortográfico em vigor.
Está, pois, na hora de a Prefeitura consertar - se é que ainda não o fez - a placa que identifica a mais linda praia de Salvador, uma das mais belas do mundo, substituindo o an pelo ã, sem aquela de que o povo quer Itapoan.
Alfabetizar é preciso.
Mas como eu dizia acima, com a chegada dos trios, blocos tribais e bandas de pagode aumenta, na cidade do Salvador, o desrespeito, a licenciosidade e a poluição sonora. Esta ocorre a qualquer hora do dia e da noite, não importando se o balacubaco é na porta de uma igreja ou nas proximidades de um hospital ou de uma casa de saúde.
Não estou exagerando. E ai daquele que se atreve a fazer este pedido: "Companheiro, por favor, baixe o som!"
Outra coisa é o tráfego. Trava imediatamente.Mormente no chamado "circuito do carnaval", o mesmo de antigas folias!
Há mais de 30 anos o carnaval de Salvador é feito do Campo grande à Praça da Sé, e, esculhambando a orla, do Farol da barra ao bairro de Ondina.
"São seis ou sete dias de sofrimento", me dizem meus amigos que moram no tal circuito e adjacências. E, indignados, repetem: " Fosse um carnaval que deixasse saudade, a gente ainda podia aplaudir e até participar da fuzarca, como acontecia nos tempos das marchinhas..."
Amigos, o tempo dos carnavais que deixavam saudade passou. Em Salvador, o carnaval agigantou-se e ficou ruim.
As chamadas "estrelas" são as mesmas de todos os anos. E as músicas que aparecem, beiram à imbecilidade; são, na sua maioria, músicas chulas e imorais.
Apenas um exemplo. Vejam o refrão da música (?) Chupeta que uma "banda" de pagode, em alta na mídia de Salvador (!!!), preparou para o carnaval de logo mais:
"Toma negona, toma chupeta./Toma negona, na boca e na bochecha". (In Correio da Bahia).
E - pasmem! - o seu ilustre compositor (compositor?) ainda declarou aos jornais que Chupeta é uma homenagem a Carmem Miranda.
O quêêê???? A Pequena notável não merece isso.
Sobre os trios e nos blocos comandados por pagodeiros de pouco estudo, pululam "artistas" apresentando coreografias de péssima qualidade.
Algumas até atentaórias à moral e aos bons costumes.
Faltam poetas no carnaval da Bahia; e bons músicos carnavalescos, também. Venho dizendo isso há muitos anos.
Não como um cronista raivoso. Mas como um cidadão que vê o carnaval como um divertimento sadio e não uma "coisa de Satã", como já ouvi de muita gente boa.
Mas a verdade deve ser dita: não é só no carnaval que se confirma a falência da música da Boa Terra, berço de compositores gloriosos como Caymmi, Gil, Caetano, Moraes Moreira, Edil Pacheco, Walter Queiroz, e que, graças às suas maravilhosas canções, ganharam o mundo.
Ora, na ausência de bons compositores, de bons músicos, de bons letristas, surgem pagodeiros sem inspiração, sem vocação musical. Remexem, remexem os quadris, e não dizem nada. Não deixam uma mensagem sequer para a mocidade foliã que, sem outra opção, bailam no chão da praça, latinha na mão, etc., etc., etc. Se há exceções? Claro que há.
E agora, antes que o zumbido impertinente de algum trio eletrico me roube a concentração e a a traquilidade, quero, reforçando minha crônica, transcrever o que escreveu um jornalista da terra sobre o pagode baiano, invandindo cada vez mais as paradas de sucesso: "Pagode baiano usa expressões chulas, palavrões que são reproduzidos por crianças, adolescentes e jovens, e que empobrecem a cultura e reforça a ideia de um estado analfabeto."
Passem por aqui, e vejam se o jornalista não está coberto de razão...
Um carnaval de músicas chulas
Mais uma semana, e os trios elétricos, bandas de pagode e blocos tribais tomarão de assalto as ruas e ruelas de Salvador. E, imediatamente, a balbúrdia se instalará nos quatro cantos da doce terra de Dorival Caymmi.
De Caymmi me lembrei quando, horas atrás, voltando do Aeroporto Dois de Julho (este deve ser o seu nome) passei pela mítica praia de Itapuã. Gente pra xuxu!
Lindas negras e mulatas, com suas nádegas avantajadas, brincavam nas suas esbranquiçadas areias. Diante delas, não fiz outra coisa senão admirar-lhes os requebros, que pareciam acompanhar o balanço do mar.
Ai,iaiá de ioiô!
Um parêntese. Não me condenem porque escrevi Itapuã e não Itapoan. Apenas segui o que determina o Guia Ortográfico e Ortofônico, do mestre Luiz Antonio Sacconi, uma edição, a mais nova, obediente ao que estabelece o Acordo Ortográfico em vigor.
Está, pois, na hora de a Prefeitura consertar - se é que ainda não o fez - a placa que identifica a mais linda praia de Salvador, uma das mais belas do mundo, substituindo o an pelo ã, sem aquela de que o povo quer Itapoan.
Alfabetizar é preciso.
Mas como eu dizia acima, com a chegada dos trios, blocos tribais e bandas de pagode aumenta, na cidade do Salvador, o desrespeito, a licenciosidade e a poluição sonora. Esta ocorre a qualquer hora do dia e da noite, não importando se o balacubaco é na porta de uma igreja ou nas proximidades de um hospital ou de uma casa de saúde.
Não estou exagerando. E ai daquele que se atreve a fazer este pedido: "Companheiro, por favor, baixe o som!"
Outra coisa é o tráfego. Trava imediatamente.Mormente no chamado "circuito do carnaval", o mesmo de antigas folias!
Há mais de 30 anos o carnaval de Salvador é feito do Campo grande à Praça da Sé, e, esculhambando a orla, do Farol da barra ao bairro de Ondina.
"São seis ou sete dias de sofrimento", me dizem meus amigos que moram no tal circuito e adjacências. E, indignados, repetem: " Fosse um carnaval que deixasse saudade, a gente ainda podia aplaudir e até participar da fuzarca, como acontecia nos tempos das marchinhas..."
Amigos, o tempo dos carnavais que deixavam saudade passou. Em Salvador, o carnaval agigantou-se e ficou ruim.
As chamadas "estrelas" são as mesmas de todos os anos. E as músicas que aparecem, beiram à imbecilidade; são, na sua maioria, músicas chulas e imorais.
Apenas um exemplo. Vejam o refrão da música (?) Chupeta que uma "banda" de pagode, em alta na mídia de Salvador (!!!), preparou para o carnaval de logo mais:
"Toma negona, toma chupeta./Toma negona, na boca e na bochecha". (In Correio da Bahia).
E - pasmem! - o seu ilustre compositor (compositor?) ainda declarou aos jornais que Chupeta é uma homenagem a Carmem Miranda.
O quêêê???? A Pequena notável não merece isso.
Sobre os trios e nos blocos comandados por pagodeiros de pouco estudo, pululam "artistas" apresentando coreografias de péssima qualidade.
Algumas até atentaórias à moral e aos bons costumes.
Faltam poetas no carnaval da Bahia; e bons músicos carnavalescos, também. Venho dizendo isso há muitos anos.
Não como um cronista raivoso. Mas como um cidadão que vê o carnaval como um divertimento sadio e não uma "coisa de Satã", como já ouvi de muita gente boa.
Mas a verdade deve ser dita: não é só no carnaval que se confirma a falência da música da Boa Terra, berço de compositores gloriosos como Caymmi, Gil, Caetano, Moraes Moreira, Edil Pacheco, Walter Queiroz, e que, graças às suas maravilhosas canções, ganharam o mundo.
Ora, na ausência de bons compositores, de bons músicos, de bons letristas, surgem pagodeiros sem inspiração, sem vocação musical. Remexem, remexem os quadris, e não dizem nada. Não deixam uma mensagem sequer para a mocidade foliã que, sem outra opção, bailam no chão da praça, latinha na mão, etc., etc., etc. Se há exceções? Claro que há.
E agora, antes que o zumbido impertinente de algum trio eletrico me roube a concentração e a a traquilidade, quero, reforçando minha crônica, transcrever o que escreveu um jornalista da terra sobre o pagode baiano, invandindo cada vez mais as paradas de sucesso: "Pagode baiano usa expressões chulas, palavrões que são reproduzidos por crianças, adolescentes e jovens, e que empobrecem a cultura e reforça a ideia de um estado analfabeto."
Passem por aqui, e vejam se o jornalista não está coberto de razão...