É A ÚLTIMA VEZ QUE ESCREVO PARA VOCÊ. MESMO.

Hoje eu entendi que estou realmente fora da sua vida. Distante de você de um modo irreversível, como jamais estive. Não que isto esteja me matando, mas magoa. Machuca demais saber que tudo o que eu pensei significar para você não passou de ilusão. Dói muito saber que um dia já estivemos tão próximos e que hoje nos tratamos como desconhecidos. Não que eu ache que seria melhor se sentássemos ser amigos, longe disso. Mas essa distancia toda, essa nossa hipocrisia quando tentamos parecer invisíveis um ao outro é muito pior.

É realmente frustrante saber que, apesar de tudo, eu não consegui fazer você feliz. E é mais frustrante ainda saber que a culpa não foi minha. Eu teria feito qualquer coisa para te ver feliz. Eu passei por cima de muita coisa só para estar ao seu lado. E eu fiz isso porque te amava e também podia ver amor refletido em seus olhos.

Mas então, onde foi parar todo esse amor? Como foi que ele se dissolveu em nada, sem que eu percebesse? Foi tudo fingimento, sua vingança por eu ter feito você sofrer no passado? Já não bastava tudo o que eu sofri sem você, você queria me ver sofrer também COM você?

Eu realmente amei você. Intensamente. Apaixonadamente. E no fundo ainda amo. Sempre vou amar. Você foi o primeiro - e até agora o único - que eu amei mais que qualquer outra coisa. Talvez esse seja o motivo pelo qual eu não posso ficar perto de você agora. Eu não suporto ver que o nosso amor morreu.

Na verdade, é uma forma de lidar melhor com a dor. Se eu ficar longe, fingir que não te conheço ou te ignorar, apesar de ser triste, é mais fácil. É melhor fingir que eu não te amo e que não dói te ver em outros braços. É claro que eu quero que você seja feliz - mesmo que seja com outra pessoa -, mas não quero estar por perto para assistir isso, porque seria como jogar sal em minhas feridas ainda abertas. Por isso eu proibi todos os meus amigos de me falar de você, de me trazer qualquer notícia que seja a seu respeito ou simplesmente tocar no seu nome perto de mim. Poeque isso significaria ter que encarar a minha dor de frente, ter que suportá-la, afinal.

E é consideravelmente mais fácil ignorá-la, bloquear toda e qualquer lembrança de você e me concentrar em outras coisas. É claro que nem sempre funciona muito bem, mas vale a pena tentar. É como se eu estivesse adiando a dor, e isso a tornasse menor a cada dia. Mas hoje ela voltou a latejar e eu pude perceber o quanto ela é real. Hoje veio a tona tudo o que eu estava adiando há meses, guardando no fundo do armário. Ver você ali, tão perto de mim e saber que não faço mais parte da sua vida foi um golpe forte demais. talvez fatal. Agora eu não tenho escolha a não ser passar por essa dor e esperar até que as feridas se fechem. Além é claro de torcer para não chegar insana no fim do caminho.