ESTACIONAMENTO PARA CACHORRO
ESTACIONAMENTO PARA CACHORRO
Fazendo uma de minhas caminhadas diárias, lá para as bandas do Setor Bueno, Goiânia – Goiás, característico setor da burguesia, mais especificamente das madames; me deparei com algo inusitado, pelo menos para mim: um estacionamento para cachorro.
Como ia dizendo, caminhadas diárias por que faço uma pela manhã, ou melhor, de madrugada, 4:00 h; e, outra à tarde 18:00 h (acreditem se quiserem!), mas assim é.
Pois bem, nestas referidas caminhas, impreterivelmente me acompanham um casal de cachorros. Ele um fila brasileiro de pelo liso de coloração amarronzada; e atende pelo nome de CAPELO, que numa lenda dos índios goyanazes é o sétimo guardião do inferno. Ela uma linda cruzada de pai dobermann e mãe hotwaller, rajada de preto com marrom claro; e, atende pelo nome de BATESEBA (esposa de Urias, amasia do rei Davi e mãe de Salomão).
Ao passar em frente de uma panificadora, daquelas chiques, ao estilo de pessoas da classe alta (vulgo burguesia) nos deparamos com alguns cachorrinhos amarrados em argolas presas a uma parede externa; e, sobre as argolas escrito em letras garrafais: AMARRE AQUI SEU CACHORRINHO.
Meus amigos CAPELO e BATESEBA se aproximaram destes cachorrinhos, deram aquela costumaz cheiradinha e seguimos nosso destino. É bom esclarecer que meus cachorros são educados para o bem deles; não para o deleite dos humanos, ou seja, eles não são humilhados com: senta... deita... rola... late... Não, isto não é treinamento, é humilhação. O CAPELO e a BATESEBA obedecem ordens para não atravessarem uma rua ou para atravessarem, quando pode; e, para não fazerem algo prejudicial a eles, mas jamais coisas inúteis e humilhantes.
Voltando ao estacionamento para cachorro; bem na porta da panificadora fica uma fiscal para não permitir a entrada das madames com suas mascotes caninas.
Fico a imaginar se algum dia destes se este mesmo fiscal não vai chegar para aquele jovem sarado com um emaranhado de cabelos rastafari e solicitar:
- Meu senhor, por favor, ponha seus piolhos de estimação aqui nesta caixinha, que ao sair os pegará de volta.
(fevereiro/2011)