Uma estrada sem rumo
A todo tempo, eu tento ser o que eu penso que sou, fantasio aquilo o que eu queria que fosse real, já que o real, não se compara com aquilo o que eu fantasio, mas…
"Quem sou eu?"
"Se não me conheço, como saber se sou tão bom quanto aquilo o que fantasio?"
Me rejeitar sem me conhecer, é subestimar a mim mesmo. É bom sonhar, ver as coisas de um modo diferente, mas o problema de se viver só de sonhos, é que sempre acordamos e acabamos sentindo a frustração de sentir os pés no chão.
"E quando o que somos, não condiz com o que tanto esperamos ser?"
É engraçado como algumas pessoas acabam se apegando a outras pessoas, aos gostos de outras pessoas, se apegando a outras personalidades e assim, acabam fugindo da sua própria, se fantasiando de outras pessoas, talvez por se sentirem perdidos, onde ao se olharem no espelho, se deparam com um alguém que talvez não seja o que esperam ser, como enxergar uma verdade que não condiz com o que tanto se esperou, com o que tanto se sonhou, onde se depara com uma realidade que lhes foge ao controle e assim, acabam se sentindo vazios, sem rumo, sem caminho, onde acabam se apegando a algum caminho próximo ao que gostariam de ser, fugindo e se distanciando cada vez mais do que realmente são, na tentativa de ignorar o fato de estarem perdidos numa estrada sem caminho, se guiando através do caminho de outros, fugindo do seu próprio caminho, fugindo de uma pessoa sem personalidade, de uma alma sem sonho e de um espírito sem luz.
Numa estrada sem caminho, qualquer carona nos trás conforto.
(Loucuras de Mili)
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(Agradeço a calliope pelo carinho e aplaudo o seu talento em captar as idéias e dar vida a elas de uma forma tão unica e tão poética)
Sem Rosto
Em ausência de mim mesma me agarrei à face tua
Porque de mim mesma estou nua
Desisti de procurar-me aqui
E me apoderei do que há em ti
Sonho teu sonho
Pra substituir meu pesadelo
Rio teu riso
Que cá dentro é dor e gelo
Em meu pobre espelho a ti diviso
E de ti me maquio
Penso mesmo se existo
Ou se um dia acaso existi
Se isto outrora se deu
Há muito que morri...
Callíope