VIVAM O "PINTO" E O "PINTINHO"!
Carnaval do bom era aquele com a orquestra tocando muito frevo, muitos foliões dançando, confetes e serpentinas sendo lançadas. Havia uma coisa que não era saudável, perfumava o salão e as pessoas tomavam seus porres, sem nenhuma overdose – lança-perfume. Havia quem fosse para o salão do Clube já levando uma toalhinha no pescoço,que tanto servia para enxugar o suor como para cheirar. Anos e anos depois, não sei se coincidiu com a proliferação das drogas para serem cheiradas, aspiradas e injetadas, não sei se com a descoberta dos malefícios que o lança-perfume fazia ao coração, ele foi definitivamente desaprovado e condenado seu uso pela lei. Lembro que as pessoas só faziam uso do lança-perfume no carnaval e todo adolescente de classe mais favorecida tinha direito a ganhar um ou dois do pai, no carnaval. Nem se cheirava tanto, pois umas doses de bebida, já para os adultos, era o suficiente para brincar e “pinotar” a noite toda, ao som do “Quanto riso, quanta alegria…”. E a festa rolava e depois , na chegada do último dia, ninguém escapava de cantar: “Ô quarta-feira ingrata, chega tão depressa só prá contrariar…”. Usufrui de forma saudável e saudosa dos inúmeros carnavais na Palmarina, em União dos Palmares. Era uma festa que meu pai nunca permitiu ser passada fora das vistas dele. Tinha toda razão, porque é um período de muita bebida, com possíveis brigas e desastres de trânsito.
Hoje é que se fica mais perigoso brincar o carnaval, quase não existindo em clubes. Está repaginado em bailes fora do período carnavalesco e nas ruas através de inumeros Blocos. Infelizmente, as drogas invadiram todas as classes, todos os lugares; a bebida se usa de forma descontrolada, principalmernte por adolescentes e o perigo anda à solta.
O Bloco do Pinto surgiu aqui em Maceió inspirado no Galo da Madrugada, um Bloco carnavalesco que sai pelas ruas de Recife em plena madrugada. Uma semana antes do Carnaval,sai o “Pinto” carregando uma multidão. No começo sua frequência era mais do pessoal da Universidade Federal. Sua fama de alegria e organização correu. É bem frequentado também por outras classes de profissionais que fazem tudo e colaboram para não deixar o carnaval saudável morrer. Sai a partir das 10 horas, vindo da Pajuçara em direção ao bairro da Ponta Verde, mas o percurso é suficiente para carregar de alegria e entusiasmo os foliões.
Está virando tradição, uma semana antes da saída do “Pinto” e quinze dias antes do carnaval, a reunião, na “praça da dança” , que acontece aos domingos, na Ponta Verde, de crianças para fazerem parte do Bloco do Pintinho. Houve convites na imprensa e, também, no blogspot “mamãenapontaverde”, da dermatologista Edméa Kummer, para pais e avós se fazerem presentes, levando seu pimpolhos para o carnaval. A orquestra não parou de tocar das 10 até às 13 horas e, enquanto as crianças se divertiam dançando, jogando confetes e serpentinas,outras novinhas cochilando com o calor, mas garantindo presença. Enquanto isto seus pais e avós acompanhavam e aliviavam o calor com cerveja; tudo feito nos moldes de antigamente, provando que os não vão deixar o carnaval, com suas marchinhas, também alegrias, brincadeiras e muito frevo morrer. Os organizadores do “Pinto” levaram, inclusive, um lindo e grande bolo para comemorar o fato do carnaval está vivo e as crianças vão ser responsáveis por isto, bem como o aniversário do Bloco, que já está com onze anos e crescendo de forma linda e saudável. Vivam o “Pinto” e o “Pintinho”
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