BECO DA TESOURA

BECO DA TESOURA

*Ricardo De Benedictis

Série: homenagens e lembranças da nossa cidade

Antigamente era comum denominarem-se ruas, praças e outros logradouros públicos, pela sua atividade preponderante. A exemplo de Praça da Matriz (onde ficava a igreja), Beco dos Artífices, Rua dos Artistas (onde se localizavam alfaiates, sapateiros, ourives, funileiros, etc) – Rua ou Praça do Comércio (obviamente onde funcionavam as lojas de venda a varejo), Rua Direita (sempre a rua principal), entre outras denominações. Esse costume vem de milênios e os portugueses os trouxeram para o nosso Brasil, ainda nos seus primórdios.

Em Salvador, a Rua Manoel da Nóbrega, que homenageou o padre, com o tempo, a tinta da placa que indicava o seu nome foi desaparecendo, ficando apenas as últimas cinco letras - ‘brega’. Com o passar dos anos, aquele local, à época de residências de famílias ricas, foi se deteriorando, até despontar como centro da prostituição da Bahia. E o nome Brega passou a ser utilizado pelos baianos, para denominar o meretrício. São os usos e os costumes que vão prevalecendo através dos tempos.

Aqui em Conquista, os logradouros públicos - ruas, praças, becos, etc. também tiveram sua denominação gravada pela tradição dos colonizadores, a exemplo de rua da Boiada (atual João Pessoa, onde as boiadas advindas de vários pontos da Bahia, passavam em direção a Minas ou ao Sul do estado), Muranga, Maga-sapo, Baixa da Égua, Alecrim, Cajá, Bosque, Beco da Tesoura (atual Alameda Lima Guerra), sendo esta última, aquela que desejamos tratar nesta crônica.

Entre as personalidades que têm seus negócios no Beco da Tesoura, João (da livraria Joãopel), que vem se destacando com grande coleção de ‘santinhos’ de Missa de 7º dia, agora com seu blog na net – www.blogspotobituariodasaudade.com - o amigão Ronaldo Bigode, que tem ali o seu bazar - e o famoso ‘Beronguelo’, uma figura incrível, que colou uma estrela do PT na testa e tem uma loja de conserto de telefones celulares, são os amigos mais conhecidos, que diariamente se encontram em seus postos de trabalho, fazendo a nossa cidade funcionar.

Sem deixar de passar pela livraria Joãopel e trocar algumas palavras com o João, na loja de Ronaldo Bigode ou na porta de Beronguelo, é que encontramos os amigos comuns. Ali passamos a ter informações dos amigos que estão ou não na cidade, sabemos se viajaram e que dia vão chegar, se estão bem de saúde ou doentes, bem como, endereços e telefones necessários momentaneamente, notícias daqueles que morreram, onde estão sendo velados, horário e local do sepultamento, últimas notícias político-culturais, etc.

Além daqueles que têm seus negócios na Alameda Lima Guerra, entre os mais assíduos frequentadores do Beco da Tesoura, anotamos: Luciano Ferraz, Fernando, Victor Medici, Edimilson Santos Silva - Movér, Geraldo Xavier, Durval Menezes, Pedro Cardoso e tantos outros amigos, que seria enfadonho enumerar, mas que voltaremos a mencionar quando oportuno. Neste grupo de amigos e conhecidos, discute-se e comenta-se de tudo: desde política, literatura, eventos, notícias mais recentes daqui e do mundo, enfim, aquilo que as horas vagas, entre um compromisso e outro, nos dão o enorme prazer de fazer: bater-papo.

O Luciano é um fatalista. Para ele ‘tudo está escrito’. Traduzindo para o vulgo popular ‘quem morre de véspera é peru’. O Luciano Ferraz não acredita nas coincidências. Quaisquer acidentes ou incidentes, acontecem ou aconteceram porque têm ou tinham de acontecer. É um fiel crente do ‘destino’. Quando contraditado, ele se diz ‘realista’. Segundo seu modo de pensar, ‘o cara tem data para nascer e data para morrer’!!! Independente desse fatalismo, é um sujeito antenado com tudo que se passa na vida do país e do mundo. Qualquer assunto ele discute e opina com segurança. Foi secretário municipal em Itambé, e sabe muito do fazer político. Gosta muito de citar seu irmão João Carlos (médico) quando conta coisas jocosas, a exemplo de receber ligações telefônicas na madrugada para assuntos não urgentes, etc.

A exemplo do Beco da Tesoura, temos muito a comentar sobre o dia-a-dia de Vitória da Conquista que João Gonçalves da Costa colonizou há 170 anos! E isto faremos a partir de agora, inaugurando esta série de crônicas com alguns aspectos que julgamos interessantes e que merecem registro.

*Ricardo De Benedictis é jornalista e escritor.

Veja este e outros textos do autor nos sites e blogs:

www.apoloacademiadeletras.com.br (Site de Literatura)

www.opiniaodaimprensa.com (Blog noticioso)

www.blogcidadeemfoco.com (Blog noticioso)

E-mail do autor: mrbenedictis@yahoo.com.br

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 20/02/2011
Código do texto: T2803305
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