ESTE QUE É AQUELE?
Ouço as vozes lindíssimas da Simone e Dulce Pontes cantando Sinal Fechado, do Paulinho da Viola, e imagino quantos nós de garganta e palpitações estancadas já ocorreram em situações semelhantes, na vida real.
- Olá, como vai? Tudo bem, eu vou indo e você? ... Me perdoe a pressa..
Ainda hoje no Recanto li numa frase que o ex é o único amor que dura para sempre. E não é que é? O amor depois que acaba, quando não acaba, tem uma leitura diferente da que teria se verdadeiramente acabasse. Tem um quê de posse embargada. De jóia empenhorada, que ainda é nossa, mas à qual já não temos acesso. Quer dizer, imagino que assim o seja, pois nunca experimentei reencontro de amor mal acabado. No meu caso, todos eles são ex, no sentido mais específico do fenecimento. Todos morreram de velho. E o que não morreu, não é ex.
Um dia, faz tempo já, encontrei um antigo namorado, na fila de um banco. Ele não me viu e ajudei pra que não me visse. Não por temor de qualquer reavivamento, mas por não ter o que falar mesmo. Ele, de costas, a umas quatro ou cinco pessoas na minha frente, olhando pros lados, às vezes para o alto. – A mesma impaciência de sempre!
Nada como poder ver ex-amores pelas costas, literalmente falando. Metade do romantismo vai embora nessa posição. E muitos centímetros também. Será que os homens encolhem depois de um tempo? – Este que é aquele, por quem eu era perdidamente apaixonada? - Ainda bem que ele não me viu quando saiu do banco.
Como diz o Chico: é sempre desconcertante rever um grande amor. Ainda mais se ele te pegar rindo sozinha.
Para a rodada de Crônicas do blog
http://letrasdobviw.blogspot.com
Valeu, gente!!