Apenas almas

Que dizer do poeta, homem simples do povo

Que aos dedos impõe tamanha responsabilidade ,

Traduzir os versos cálidos do coração aprisionado?

Sim, prisioneiro do tempo e do espaço , o poeta sabe , e sente as dores desse saber angustiante que é a poesia , palavras agrupadas ora sem formas inteligíveis, ora tradução gráfica de tão nobres sentimentos.

Tradutor e intérprete da alma , coube ao poeta a árdua responsabilidade de transformar e transportar , ao âmago do mundo a dor e a paixão, o amor na sua forma mais expressiva e pura.

Coube ao poeta , mais que versar sobre o mundo , antes transportar-se ao interior dele , para que , em versos e rimas e prosas ,deleitássemos ao som de imemorial magnitude e grandeza.

Coube ao poeta sofrer , chorar as amargas lágrimas dos malditos, dos parias, dos esquecidos. A ele foi destinado a heresia de uma existência atormentada , ainda que em tão belas palavras nos levasse ao êxtase na sua forma mais plena.

Que não se enganem com seus sorrisos ; antes dele se compadeça pois sua alma em luto sangra , as veias estuporadas na incompreensão e inconstância de um mundo caduco e caótico que , lentamente perde a cor e a forma.

O poeta , antes que já libertado da angustia que lhe pesa aos ombros e lhe umedece os olhos , deve ao mundo calar-se. Seus silêncios se farão sentidos no triste eito de tantas almas que, como ele , vagam sem cor e sem nomes, sem rostos , apenas almas.

JAlmeida
Enviado por JAlmeida em 19/02/2011
Reeditado em 19/02/2011
Código do texto: T2801269
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