OS BAILES DO ESPORTE CLUBE RENASCENÇA

A “Orquestra do Brini” engalanada (24 figuras), meu saudoso pai, Constantino Rêgo, primeiro saxofone alto daquele extraordinário conjunto musical, todo sorridente após um solo magistral de “Pampa Mia” em ritmo de samba, a pista repleta de jovens casais, as moçoilas com seus vestidos rodados, recheados por uma ou duas anáguas, sapatinhos de salto alto, cabelinhos na moda (Channel), lindas, maravilhosas, os rapazes de terno e gravata, elegantes, os sapatos brilhando de tão bem engraxados, cabelos engomados e topetes bem feitos, os pais e familiares sentados às mesas dispostas em torno do salão, bebendo a sua cerveja e de olho na moçada, ah!, bons tempos aqueles, final dos anos 50 e começo dos 60, os inesquecíveis anos dourados!... Quanta saudade!

Os famosos bailes do E.C. Renascença aconteciam mensalmente e eram bastante concorridos. Vinha gente da Floresta, do Carlos Prates, Padre Eustáquio, Bairro das Graças, São Paulo, Ipiranga, Pampulha e adjacências, de onde a fama da festa chegasse.

E o povo se divertia das 22 às 4 horas da madrugada, dançando “Moonlight Serenade”, “Patrícia”. “Tea For Two”, “Lamento Borincano”, “Besame Mucho” e outros sucessos da época, em ritmos de boleros, mambos, rumbas, fox e sambas.

Muita alegria, descontração, ordem e respeito. Raramente ocorriam brigas e, quando isso sucedia, eram logo abafadas pela turma do “deixa disso”. Os tempos eram de paz, harmonia e de amizade!

Que diferença dos dias de hoje, em que somos reféns da violência generalizada, presos em casa, assustados, inseguros. De drogas então, a gente nem ouvia falar. Nos anos seguintes a praga da maconha começou a disseminar-se, outras drogas foram surgindo e a coisa se complicou. Nossa droga era a música, eram os sonhos, os ideais, os bailes, os grandes filmes, os livros e as tertúlias domingueiras nas casas de amigos como o Eli e o Nerí, estudantes do “Municipal”, acompanhadas de “Hi-Fi” e “Cuba Libre”.

Mas eu estou falando dos bons tempos. Tempos de sonhos, de felicidade, de boleros, de serenatas, de barraquinhas da Igreja Santo Afonso da Renascença, em Belo Horizonte, dos grandiosos bailes do clube, das comemorações na data de sua fundação (15 de outubro), os chamados festivais.

Eu falo dos “Anos Dourados”, de tempos que não voltam mais. Foi maravilhoso ter vivido essa época e agradeço a Deus por isso. Obrigado, meu Pai!...

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B.Hte, 05/2003

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 18/02/2011
Reeditado em 16/04/2013
Código do texto: T2800044
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