Rio... De janeiro e meu também
Rio, riso, ritmo, correndo o tempo inteiro. Desaguando perto ou longe do mar. Há mais de vinte anos também sigo no leito estreito e quente desta cidade que clareia a vida e as ideias. Cheguei aqui vindo de perto, porém o que não falta é conhecido vindo de longe. E hoje todos dançamos a mesma música. Música de um lugar que aproxima e afasta. Cidade que possui tantos artistas e poetas em maior número que muitos países inteiros.
E Estando aqui há tanto tempo, tanto trem, Avenida Brasil, Rua do Ouvidor, Lapa e engarrafamento, percebo que ... há coisas simplesmente indefiníveis. Indiscutíveis. Aprendi que, quem canta, nem sempre conhece a letra. Quem vive, nem sempre explica a razão. Aprendo todo o dia que o mendigo parado à entrada da Central do Brasil e o bem sucedido morador de Ipanema que caminha pela Vieira Solto, possuem o mesmo e dourado bem de valor desconhecido.
Aprendo mais ainda que um morador e amante como eu jamais chegará a um verbete de dicionário que defina e apreenda tanta cor, tanta dor, tanta batalha. Batalha que é minha também desde adolescente. Como tantos que lotam as ruas e os ônibus entre a casa o trabalho, a escola e a praça.
Assim, amadurecendo, trago comigo este grande aprendizado. Como não há nenhuma palavra que me defina e me encerre a não ser aquela perdida no papel de cronista, também não há no léxico, palavra tão maravilhosa quanto o Rio. Cidade tão antagônica e indizível. Cristo? Canção? Quem sabe...
Charlene França