Retrato da Condição Humana (Felicidade)
Caminhei até a parada de ônibus e sentei em um canto, entre dois grupos. À minha esquerda umas quatro mulheres jovens conversavam sobre futilidades do cotidiano e à direita algumas pessoas esperavam ansiosamente pelo transporte público.
Surpreendo-me com um homem vestido de forma humilde que, repentinamente, no meio da avenida, chama a atenção de todos ao clamar: “Senhoras e senhores! Não quero o dinheiro de vocês! Quero apenas dizer o quanto estou feliz, agradeço a Deus por esta felicidade! Por que enfim, não tenho ninguém mais a agradecer, somente a ele, Deus pai!”. Sorri com aquele acontecimento, sorri com todo o discurso do velho homem. Olhava para os olhos dele, enquanto as quatro jovens viravam a cara, caladas, sentindo vergonha da atitude daquele senhor.
Visualizei ali, naquele ponto de ônibus, um momento mágico, a prova mais concreta de que a felicidade está sempre pertinho da gente, esperando que a agarremos com nossas mãos. Pensei: “Ser feliz ou não é apenas uma questão de escolha”. Não há mistério ou fórmula para se trilhar o caminho da felicidade.
Naquele momento percebi que o maior defeito do ser humano é o egoísmo, é querer falar e não ouvir, é querer desfrutar da felicidade e não compartilhá-la, é querer ter tudo e não dar nada, é receber e não retribuir. Quando vi aquele grupo de jovens moças ignorando o homem, como se estivessem constrangidas com ele, realmente fiquei decepcionado, deviam sentir vergonha de si mesmas por tal atitude.
“Quando a minha fazendinha lá no interior estava quase sucumbindo, Deus fez tudo florescer” contava o velho senhor, falava mirando justamente para as pessoas que não queriam ouvir. Eu ouvia cada palavra que saía da boca dele, admirei aquele gesto incrível de demonstrar de forma tão verdadeira a felicidade.
Vi que a felicidade independe de classe social, de etnia, de condição financeira... Ela depende apenas de nós. Para que esperar que coisas boas aconteçam para ficarmos felizes? Se você estiver feliz sempre, coisas boas acontecerão, pois a felicidade atrai virtudes.
Então o velho foi embora, após dividir a sua felicidade com todos naquela parada de ônibus, quer tivessem escutado ou não, obviamente não importava para ele, compartilhou seu maravilhoso sentimento e me ensinou uma grande lição de vida.