AS SINDROMES, A PRESIDENTE E AS BARRIGAS
SINDROME DO SIM
O sim define: é permitido, consentido, acatado, ele diz; sim e pronto. Reforçar o sim com outro sim virou moda. Se eu digo tem, pode,fica, vai, ou outros verbos, na maioria nos tempos afirmativos, significam sim. A moda é dizer: “ele tem, sim, direito.”; “o consumidor pode, sim, reclamar”; “Hermógenes vai, sim, chegar hoje”. Não é propriamente errado, é só moda; certamente contaminado pelo não, como advérbio, que precisa um acompanhante. ”Ele não tem direito”; “O consumidor não pode reclamar”; “Hermógenes não vai chegar hoje.”; “Não, fique calado!”.
SINDROME DO AÍ
Essa pode ser mais do que uma simples moda, que é passageira. Já me disseram que é insegurança. Acho que não. O aí é um cacoete, um tique, uma coisa muito chata; quase juvenil, quase provinciana. No mau sentido.
Jogador de futebol
- “Estamos treinado, aí, para logo mais, no campo, conseguir aí, a vitória.”
Repórter de TV (a maioria )
– “A situação, aí, é preocupante. Os bombeiros e o resgate já estão trabalhando, aí, para salvar as vítimas.”
Apresentador de noticiário de TV (quando resolve improvisar)
- “Você viu, aí, a situação. Vamos esperar, aí, que as autoridades resolvam, aí,o problema.”
SINDROME DO LOCUTOR
Tudo passa, tudo passará, dizia o poeta. Mas imaginava que tudo sempre passaria para melhor. Passando essa fase, esse momento ruim, tudo ficaria melhor, por exemplo. Enganou-se o poeta se pudesse ouvir os locutores de hoje. Especialmente os locutores de comerciais de TV. E os de rádio também. Houve um tempo, e já faz bastante tempo, que os locutores se destacavam por suas vozes inconfundíveis, especiais, únicas; eram marcas registradas. Um dom; aptidão, talento, coisa inata. Voz de barítono, dicção perfeita, interpretação que valorizava o texto e o que ele continha. Sem exageros, sem gritarias. Desses sobraram poucos; talvez apenas dois, ainda na TV Globo, esporadicamente, se é que me entendem.
Hoje, locutores esganiçados querem nos vender no grito. E gritam qualquer coisa no mesmo tom. Tanto faz. Anunciam um show de rock num tom e em seguida gasguitam um carro de mais de R$ 100 mil; públicos diferentes, preços diferentes, interesses diferentes, mas a mesma espevitada voz juvenil.
Adônis, o Belo, que foi locutor de parque de diversões, diz que tudo isso começou com um “menino velho”, como se diz no nordeste, anunciando eletrodomésticos de uma cadeia de lojas, fundada por Samuel Klein, hoje maior anunciante do Brasil. Mas isso já é outro assunto.
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SINDROME DO TAMANHO
- “a chuva é “grande”, diz a afoita repórter.
Como se chuva tivesse “tamanho” e não tratar-se de “intensidade”.
- “o deputado não deu “maiores” informações,” diz a mesma afoita repórter.
Como se informação tivesse “tamanho” e não tratar-se de “quantidade”.
DO VERNÁCULO DA PRESIDENTE I
Escrevi logo depois da posse da Presidente Dilma Rousseff que a imprensa enredava-se no vernáculo da língua portuguesa. Hora diziam e escreviam A PRESIDENTA hora A PRESIDENTE. Políticos afins dizem até hoje A PRESIDENTA. Errado, mas ela gosta; é preciso entender o particípio ativo, derivativos verbais, etc. Agora, se a presidente quer ser chamada de presidenta, é só uma questão de preferência; ou talvez pontuar que ela é uma mulher na presidência da República. Bobagem, tanto faz. Mulheres no comando de estados nações, impérios não é novidade e também não se diferenciou de homens com o poder nas mãos. Logo ali, na Argentina, temos uma mulher na presidência; ao lado, no governo anterior uma mulher comandava o Chile. Na Alemanha. Ângela Merkel comanda a nação. Na Inglaterra é uma rainha e já teve uma primeiro ministro, chamada a Dama de Ferro, Margaret Thatcher. Indira Gandhi comandou a Índia, Golda Meir, Israel. Cleópatra, o Egito. São muitas, é só folhar a história. Alem disso são milhares as mulheres, mundo a fora, comandando prefeituras, condados, estados, órgãos públicos, secretarias, ministérios, empresas públicas, empresas privadas, salões de beleza, enfermarias, hospitais, lojas, consultórios; dirigindo taxis, ônibus, trens, tratores, viaturas policiais, carros de bombeiros. Há também mulheres militares ocupando todos os escalões hierárquicos. Há mulheres em todas as profissões; engenheiras, médicas, dentistas, sociólogas, biólogas, arquitetas, cientitas, reitoras de universidades; e em outras atividades. Ladras, bandidas, assassinas, traficantes, operárias, cantoras, músicas, compositoras, dançarinas e bailarinas, escritoras, atrizes, astronautas, prostitutas, freiras, parteiras. Nada de novo; as mulheres podem tudo em todas as profissões. E por que não? Onde não podem? Na igreja; só na igreja.
DO VERNÁCULO DA PRESIDENTE II
Pois recebi alguns e-mails, na época, afirmando que o feminino de presidente é, sim senhor, presidenta. Pois se Dilma quer ser chamada presidenta que seja. E já deu a ordem: eu sou PRESIDENTA! Como entendo do assunto pra pouca coisa, passo a diante esse e-mail que recebi recentemente, reduzindo o que deu.
‘”No português existem os particípios ativos como derivativos verbais.
Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente.Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha.
Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".
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Assim sendo o que resta é encerrar o assunto. Mas que é A PRESIDENTE, isso é! A minha geração estudou latim no ginasial; acho que já no segundo ano. Era assim naquela época. Pois presidente vem do latim, “presidens”, um particípio latino; são verbos e substantivos ao mesmo tempo; e como adjetivos da segunda classe têm apenas uma só forma para masculino e feminino. Quem preside é o presidente seja esse homem ou mulher.
BARRIGAS
No chamado jargão jornalístico, furo é quando um veículo dá determinada notícia antes de qualquer outro; barriga é quando noticia o que não é; o que não aconteceu. A repórter da Globo News, não fez nenhuma coisa nem outra; ela pisou na bola. Quando entrevistava o ator Lúcio Mauro Filho ela mencionou pesarosa a morte do pai do ator, o famoso Lúcio Mauro, hoje com 83 anos.
“Bom, graças a Deus papai está entre nós, ainda” disse o “Tuco” do seriado “A Grande Família”.
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Vario sites, blogs e colunas de jornais ainda continuam caindo na armadilha do texto assinado por uma celebridade. Há um ano que circula pela internet uma crônica “assinada” por Luiz Fernando Veríssimo desancando o Big Brother Brasil, que é uma inutilidade de mau gosto, sem dúvida. Mas o texto atribuído ao escritor é muito pior. Quem nunca leu nada de Luiz Fernando Veríssimo acredita. Os “tuiteiros” são os que mais caem nessas armadilhas.
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No inicio de janeiro desse ano, quando Hebe Camargo estava hospitalizada em São Paulo, uma repórter da Rádio Jovem Pan informou que a apresentadora está muito bem de saúde e que “andava divertindo-se rodando pelo hospital numa cadeira de rodas.” Essa informação, falsa, a repórter colheu de um twiter. Disse mais: que foi com base no perfil da apresentadora. O perfil de Hebe no twiter também é falso.
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Em setembro do ano passado a Folha.com divulgou a morte do senador Romeu Tuma. Mas ele só morreu em outubro.
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Quem não se lembra da TV Globo noticiando a agressão sofrida por uma brasileira em Zurique na Suíça, em 2009? Comoção geral, indignação geral, nervosismo, agitação. As marcas da agressão, depois informou o governo suíço, eram autoflagelação da moça. Mas o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, já tinha protestado oficialmente. E Lulla também, Quase criaram um caso diplomático.
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OS EDITORES SÃO ESCRITORES FRUSTRADOS. ASSIM COMO ALGUNS ESCRITORES. – T. S. Eliot
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