Espelho meu



Espelho, espelho meu. Quando acordo  procuro  a sua superfície lisa para ver o reflexo da minha imagem. Tem dias que fico feliz com o que vejo e  esboço um sorriso narcisista. Há ocasiões, que me surpreendo olhando o  rosto espelhado à procura de  máculas que o comprometam. Às vezes, nem me vejo corretamente devido,  talvez, a uma preocupação maior ou mesmo um desalento momentâneo. Ocorrem momentos que  olho fixamente como não acreditando no que está  refletido.

Em outras oportunidades, procuro olhar com esperanças tímidas de enxergar alguma melhora no meu visual. Em alguns momentos me iludo  e  finjo que está tudo de acordo com o que me vai na alma. Ocasionalmente sorrio, não sei se de alegria , desilusão ou de esperança pelo que está por vir.

Ocorrem situações em que dou um polimento esmerado na sua superfície à espera de melhores resultados, mesmo sabendo que isso é quase impossível. Existem raros dias em que decido não olhar e, simplesmente, abaixo a cabeça e fico absorto em pensamentos profundos.
 
Há outras vezes, não muitas, em que simplesmente não consigo me ver, por mais que tente, como se ali não estivesse ou não pudesse ser refletido. Mas tem ocasiões em que  penso: eu me amo, ainda que o reflexo possa não concordar com a firmeza das  minhas palavras. 

E assim continuo me olhando todos os dias, sempre ao amanhecer, como um ato reflexo, e o farei até que um dia a sua imagem seja refletida junto com a minha.



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