Morte de filho, minha morte
Ele estava com as mãos em vermelho profundo; barbas vermelhas, um cheiro férreo invadia o ar, as lágrimas penetravam a boca semi-aberta... No chão tudo parecia confuso, aquela formiga, aquele monstro, não que idéia herética, não, não era um monstro... Os ladrilhos confundiam-se num absurdo de idéias e cores... Cores que se transformavam em pontinhos brancos e fumaça... Sim aquela fumaça branca espessa que invadia todo este ambiente tétrico, e o frio... Sim frio congelando... e suor que escorria junto com as lágrimas. E aquela minhas vozes dizendo que sim... e que não... e que sim, e que não...
Não podia ter feito aquilo, sangue do meu sangue que era. Mas e a dor, a dor dele... Amargamente enfrentando forças superiores... Ó meu Deus, o que tu nos faz gerar, não nos dá oportunidade de tirar? Amar não deve ser um ato que nos permite tirar aquilo que a dado momento causa mais sofrimento...Vê-lo dominado por substancias alheias a ser organismo concebido por mim! Ó meu Deus, quantas vezes eu pudesse tê-lo criado para suportar todas as adversidades... Ó meu Deus tivesses me criado mais fraco, de mãos menos potentes...
E esses olhos, esse corpo, este copo amargo de bebida...Esse cigarro que penso em acender, mas só penso... E penso no ladrilho... Ó meu sangue... Meu sangue fundido e transformado no teu, agora paira em minhas mãos... Sangue sem vida e emoção, e quantas vezes te vi em emoções intensas com este mesmo sangue a ferver... E te corar as faces...
A cadeira que me sustenta agora a via sendo montada, como um poltro, várias vezes por ele que agora, com olhos abertos me mira e nada vê... E por mim, só por minha causa, sangue do meu sangue...