Até tu, Brutus, meu filho ???
Ao longo de nossa vida, cada um de nós acaba conhecendo inúmeras pessoas diferentes. Em nosso dia-a-dia conhecemos muitos Josés, Marias, Adrianos, Fernandas e Andrés, entre tantos outros. Mas provavelmente nenhum de nós, por mais longa vida que tenha, vai conhecer uma pessoa chamada Judas.
Todas as pessoas conhecem o nome Judas, mas nenhum pai ou mãe em sã consciência é capaz de colocar esse nome em seu filho. Para constatar essa realidade, basta apenas fazer um esforço de memória e tentar lembrar quantas pessoas você conhece que se chamam Judas. Para confirmar isso de outra maneira, você pode ir a um cartório de sua cidade e buscar nos registros. Provavelmente você não encontrará nenhum com esse nome. E isso tudo graças ao conhecidíssimo Judas Iscariotes – um dos doze discípulos de Jesus.
Há cerca de 2000 anos atrás, o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo esteve entre nós pregando, ensinando, multiplicando pães e peixes, curando enfermos e abençoando vidas – só fazendo o bem às pessoas.
Todo esse tempo ele esteve acompanhado de seus discípulos e, segundo vários clérigos e teólogos, Judas Iscariotes estava ali, lado-a-lado, recebendo toda atenção, carinho, confiança e amor do Mestre. Mas como todos nós sabemos, em retribuição, Judas Iscariotes traiu seu Senhor – entrando para a História como o maior traidor de todos os tempos.
O pior de tudo é que essa História triste ainda se repete em nossos dias, pois, aqui bem perto de nós, aqui mesmo em nosso Estado, existem muitos “Judas Iscariotes” nos traindo, quer seja em nossos relacionamentos afetivos, quer seja em nossos círculos de amizade e, principalmente, na Política.
Muitas são as personalidades marcantes de nossa História. Algumas delas nos trazem boas referencias, tais como: Jesus Cristo, Buda, Mahatma Gandhi e Madre Tereza de Calcutá. Outras são associadas ao mal: Caim, que matou seu irmão Abel; Adolf Hitler, líder nazista que exterminou milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial; Ossama Bin Laden, terrorista que abalou o mundo nos atentados de 11 de setembro.
Entre as diversas personalidades de renome, quero apresentar aqui uma conhecida pelo seu ato de traição: Brutus - sobrinho e filho adotivo do Imperador Romano Caio Júlio César.
Júlio César (100 e 44 a.C.), o mais conhecido imperador romano, foi general, conquistador, tribuno e historiador. Aumentou consideravelmente as fronteiras do mais organizado império jamais existente - o Romano. Foi ao Egito, onde teve uma relação amorosa com Cleópatra. A sua audácia, astúcia e o seu fim trágico transformaram-no numa lenda. Amado e odiado, conseguia movimentar-se na complexa teia de influências da Roma de então. Quando caiu em desgraça perante os seus amigos, foi assassinado, em pleno Senado, por 60 conjurados, entre eles um familiar insuspeito: o seu próprio sobrinho e filho adotivo - Brutus.
Essa traição de Brutus acabou eternizando a célebre frase de Júlio César, que disse em latim: Tu quoque, Brute, fili mi? (Até tu, Brutus, meu filho?). E não só essa frase ficou marcada por toda a eternidade, mas também o castigo sofrido por ele, pois a alma de Brutus estará, para todo o sempre, ardendo no fogo do inferno, sofrendo como pagamento por sua traição.
Às vezes, eu me questiono qual desejo pecaminoso levou Brutus a cometer tamanha traição. Entre os vários possíveis motivos podemos citar: a luxúria, a ganância, a ambição, a inveja e o ódio. É difícil saber, pois, na verdade, pode ter sido uma combinação de dois ou mais sentimentos. Relembrando essa História, reflito bastante e questiono: quantos Brutus existem em nosso meio???
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Publicado no Jornal Chico, edição n. 16, p. 11, de 16/06/2006. Gurupi – Estado do Tocantins.
Giovanni Salera Júnior
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