Osvaldo e o canário
No fundo do quintal há o galpão. Em seguida a churrasqueira metida entre as sombras das festas. A figueira é elemento indispensável da narrativa, destino do pequeno maestro amarelo. Trata-se de um pequeno canário e de altas hierarquias.
Não sei ao certo se podemos tê-los em gaiola sem licença, nem se devemos ter alguma permissão. O mundo regulamentado explora nossas vidas. Talvez se tivessem me contado no bar eu custasse a crer.
Dos muitos casos alados em minhas anotações guardaram aquele de Curió que come na mão. Outra de papagaio que assobia tão direito o hino do Flamengo a ponto de deixar calouro boquiaberto. Ari Barroso devia adorar canarinho de quintal, amigo da casa. Agora como esse da casa de Osvaldo… Foi o único que conheci livre.
Fotografar, não fotografou. Filmar, não filmou. Devia ter conclamado o povo local para assisti-lo no gozo pleno de seus direitos de canário soberano. Devia mesmo ter chamado atenção de repórter e até de Ana Maria. Futuramente haverei de endereçá-lo ao Yutube, mas esperarei como se fosse meu o pássaro fantástico, porém, após a época de muda.
Tempo em que ficam bem feinhos.
Lá está ele. Totalmente amarelo entre as folhas verdes da figueira. O único do gênero que utiliza gaiola sem porta. Entra e sai com natural humildade. Assisti ao trajeto: seguindo do poleiro para o galho da figueira. Na figueira come as bordas das folhas com gosto que só vendo. Depois retorna para o parque de diversões da gaiola seguindo os dias da semana no balanço alegre e divertido da gaiolinha sem porta.
— O problema são os gatos, comenta Osvaldo. Concordei.
Há sempre o mundo cruel para se temer longe do paraíso fabuloso. Só que esse canário é democrata brasileiro, não por Belga.