O CASO DOS SAPATINHOS
 




O sapatinho de cristal que Cinderela deixou cair na escadaria do palácio momentos antes do encerramento do encanto que a devolveria à triste realidade de mocinha pobre e enjeitada e que no final das contas serviu para que o príncipe a encontrasse e com ela se casasse não tem nada a ver com essa minha história. Que, aliás, nem é história. É que o tal sapatinho, como exemplo de graça e feminilidade, tinha saltinho. E este, sim, é o pivô da questão: ele tem o poder de atrair pezinhos de menininhas... 
 
Vocês já viram uma noiva de véu e grinalda entrar na igreja com sapatos de sola reta? Madrinhas elegantes com sapatilhas rasteiras? Senhoras durante um coquetel andando de um lado para outro pisando duro com os calcanhares no chão? E secretária executiva de agenda na mão entrar na sala do diretor com chinelo de dedo?... Só se for nos comerciais da televisão! Ou Carla Bruni para não melindrar o marido baixinho e importante. Mesmo assim não seriam sandálias de borracha, nem aquelas, mas sapatilhas de griffe especialmente confeccionadas para ela. Mulheres, elegantes ou não, usam sapatos de salto alto nas mais variadas ocasiões.
 
Isso tudo para dizer que menininhas desde que nascem estão acostumadas a ver esses sapatos no meio das coisas da mãe. E um belo dia resolvem colocar seus pezinhos lá dentro e sair a arrastá-los pela casa. Primeiramente só para experimentar, depois, para sentir-se ‘gente grande’. Não posso garantir que toda menina faça isto, nem que toda mulher um dia tenha feito. Eu fiz e nada de mal me aconteceu. Fui uma criança normal e só tive meus sapatos de saltinho na hora certa, lá pelos treze ou quatorze anos. Por outro lado, jamais consegui usar saltos muito finos ou muito altos.
 
Não gosto da moda atual em que meninas, crianças ainda, usam de verdade tamanquinhos de salto. Além de achar feio, acredito que lhes possa fazer mal, tanto para o andar, como para suas cabecinhas. Não vale a pena ‘crescer’ antes da hora. Tudo tem seu tempo certo
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