Ciranda
Lembranças de uma infância de fundo de quintal bateram na porta da frente do meu coração na última quinta-feira. Efeito da garoa gelada da Inglaterra, o céu nublado que me trouxera o cheiro de casa, lembranças das corridas entre poças d'água e havaianas quebradas, lama no cabelo voando do pneu da bicicleta.
Música dos anos 50 para levantar contente no sábado da faxina, limpando o quarto com Stivie Wonder e Smokey Robison, pausa para um suco no calor do verão com Jobim e Elis cantando minha canção da chuva em março.
Ainda mantenho o hábito de olhar minhas mãos e me perguntar o que elas têm construído, meus pés onde tem me levado e me surpreendo com as respostas.
Nessa tenda montada no meio de lugar nenhum, a tempestade de areia se fazia ouvir feroz, sentamos em círculo esperando o jantar, todos realizados e envolvidos na atmosfera selvagem maravilhada que mãe natureza traz. Todos tocaram o tambor e o sensação entre os continentes e países representados era de que todos viemos de um só grupo, a ciranda da vida nos espalhou pela terra e cada um aprendeu sua dança e música de viver, mas no meio de lugar nenhum se tocarem o tambor a ciranda que a vida iniciou canta mais alto, almas sem diferenças ou nacionalidades dançam iluminadas pelos sorrisos e satisfação que nos une por herança.