Comunicação Autista
Muito cedo a Laura percebeu que tinha que descobrir outros meios de se comunicar conosco, seus pais, que não a fala. Para ela era e é uma tarefa muito árdua, porque além de não falar ela tem dificuldades para retornar a comunicação com eficácia. Quando era bebê, à menor contrariedade, se jogava pra trás com força. Pensávamos que fosse um bebê muito mimado e não levamos a sério. A primeira vez que Laura realmente fez valer sua vontade estava com dois anos e já sabíamos que era autista.
Foi assim: Sempre que fazíamos sopa de legumes amassávamos para a Laura comer. Ela não gostava assim, mas não sabíamos disso. E ela se via diante do prato pronto sem poder dizer que queria a sopa, mas não daquele jeito. Sem outra opção, comia assim mesmo. Um dia resolveu nos comunicar. Percebi que enquanto o pai dela amassava as batatas e os outros legumes, aflita, balbuciava um “não”. Mas não atinei para o quê era aquele “não”. Ela sempre adorou comer! Quando o pai dela colocou o prato em cima da mesa à sua frente, Laura chorou alto, pegou o prato e jogou longe. O prato saiu girando pela cozinha e soltando sopa por onde passava. Ficamos olhando mudos e surpresos. Levou uma bronca e sentou-se na sala chorando muito. Enquanto limpava tentava entender. Por que ela fez isso? O que tem de errado com a sopa? Lembrei da aflição enquanto o pai amassava. Depois de limpar tudo, servi outro prato, legumes inteirinhos. Fui até a sala e carinhosamente conversei com ela. Era um monólogo. Levei-a a cozinha e pronto! Ela comeu tudo!
Desse dia em diante descobríamos os gostos da Laura das mais variadas formas. Ela tentava a comunicação do jeito que achava mais eficaz. Só que o jeito “eficaz” dela era no mínimo desajeitado! Mordia, batia, chorava, se jogava no chão ou jogava objetos longe. Foi horrível pra ela e pra nós! Até porque errávamos toda hora e ela era pequena demais pra entender que tínhamos também dificuldade para entendê-la.
Embora sofrendo muito, aprendemos muitas coisas com ela e ela conosco.
Hoje, ela tentava colocar uma calça comprida. “Está calor, Laura fica com o short!”, falei.
Ajudei-a a colocar o short novamente, guardei a calça e saí apressada pois tinha outros afazeres. Ela não disse nada, mas ficou no quarto, sentada. Dois minutos depois apareceu com outro short. Na verdade, ela só queria trocar o short, mas optou por não discutir. Ela também descobre novas formas de mostrar o que pretende.
Sorri em pensamento.
Enquanto lavava a louça, pensei o quanto deve ser difícil tentar explicar algo sem poder falar. Ainda mais quando a outra pessoa é tão autoritária!
Mentalmente prometi a mim mesma olhar com mais atenção pra minha filha!
A convivência é um aprendizado diário!
Muito cedo a Laura percebeu que tinha que descobrir outros meios de se comunicar conosco, seus pais, que não a fala. Para ela era e é uma tarefa muito árdua, porque além de não falar ela tem dificuldades para retornar a comunicação com eficácia. Quando era bebê, à menor contrariedade, se jogava pra trás com força. Pensávamos que fosse um bebê muito mimado e não levamos a sério. A primeira vez que Laura realmente fez valer sua vontade estava com dois anos e já sabíamos que era autista.
Foi assim: Sempre que fazíamos sopa de legumes amassávamos para a Laura comer. Ela não gostava assim, mas não sabíamos disso. E ela se via diante do prato pronto sem poder dizer que queria a sopa, mas não daquele jeito. Sem outra opção, comia assim mesmo. Um dia resolveu nos comunicar. Percebi que enquanto o pai dela amassava as batatas e os outros legumes, aflita, balbuciava um “não”. Mas não atinei para o quê era aquele “não”. Ela sempre adorou comer! Quando o pai dela colocou o prato em cima da mesa à sua frente, Laura chorou alto, pegou o prato e jogou longe. O prato saiu girando pela cozinha e soltando sopa por onde passava. Ficamos olhando mudos e surpresos. Levou uma bronca e sentou-se na sala chorando muito. Enquanto limpava tentava entender. Por que ela fez isso? O que tem de errado com a sopa? Lembrei da aflição enquanto o pai amassava. Depois de limpar tudo, servi outro prato, legumes inteirinhos. Fui até a sala e carinhosamente conversei com ela. Era um monólogo. Levei-a a cozinha e pronto! Ela comeu tudo!
Desse dia em diante descobríamos os gostos da Laura das mais variadas formas. Ela tentava a comunicação do jeito que achava mais eficaz. Só que o jeito “eficaz” dela era no mínimo desajeitado! Mordia, batia, chorava, se jogava no chão ou jogava objetos longe. Foi horrível pra ela e pra nós! Até porque errávamos toda hora e ela era pequena demais pra entender que tínhamos também dificuldade para entendê-la.
Embora sofrendo muito, aprendemos muitas coisas com ela e ela conosco.
Hoje, ela tentava colocar uma calça comprida. “Está calor, Laura fica com o short!”, falei.
Ajudei-a a colocar o short novamente, guardei a calça e saí apressada pois tinha outros afazeres. Ela não disse nada, mas ficou no quarto, sentada. Dois minutos depois apareceu com outro short. Na verdade, ela só queria trocar o short, mas optou por não discutir. Ela também descobre novas formas de mostrar o que pretende.
Sorri em pensamento.
Enquanto lavava a louça, pensei o quanto deve ser difícil tentar explicar algo sem poder falar. Ainda mais quando a outra pessoa é tão autoritária!
Mentalmente prometi a mim mesma olhar com mais atenção pra minha filha!
A convivência é um aprendizado diário!