PISOU NA BOLA

Embora muitas pessoas tenham perdido o senso de responsabilidade e não tenham mais aquela preocupação em ser pontual e respeitar seus compromissos tem muita gente ainda à moda antiga. Palavra é palavra. Compromisso é compromisso. E nem fio de bigode é necessário como garantia até porque ninguém tem mais bigode, ele está fora da moda.

Além do que D. Marieta era uma nobre madame, feminina até por demais para ter bigode. No entanto, era uma mulher de honra. Respeitada por cumprir bem com seu dever e honrar rigorosamente seus compromissos. Era uma mulher tão correta, tão responsável que fugia o padrão do modelo atual. Comprava tudo à vista e em dinheiro vivo, aqueles compromissos mensais quitava antes do vencimento. Era só receber a fatura já estava liquidando.

Apesar do excesso de responsabilidade um dia desses a sua secretaria ligou aflita para o celular da sua patroa: D. Marieta os funcionários da água e esgoto estão aqui em sua residência para cortar o fornecimento de água. Dizem que a senhora não pagou a conta do mês passado. A elegante senhora com muita classe acalmou a empregada e disse que estava indo para casa resolver o problema. A conta tinha sido paga, sim.

Vocês acham que D. Marieta deixou de pagar o talão de água? Du – vi – d – o –do era o que todos diziam. Estes homens estão loucos. A dona da casa chegou muito tranqüila porque tinha certeza que aqueles homens estavam equivocados. Organizada que era, foi ligeiramente no quarto e voltou com a pasta que continha todas as faturas quitadas. Rapidamente encontrou o talão que eles alegavam a falta de pagamento. Estava ali, quitado, pago antes do vencimento. Quando o funcionário passou a examinar o comprovante de pagamento detalhadamente observou que o nome que constava no talão era outro apesar da rua ser a mesma, mas o número da casa também não coincidia. Supõe-se que erradamente colocaram na caixa de correspondência o talão de água da vizinha e D. Marieta liquidou sem perceber que não era o dela. O seu talão se encontrava por quitar ainda na casa ao lado que estava desocupada. Uma infeliz troca de documentos. Pode uma coisa dessas?

Viu o que dá certas atitudes automáticas? Não podemos deixar de ler, conferir, aquilo que assinamos que pagamos e que chega de qualquer forma em nossas mãos. E não adiante estrebuchar. É o preto no branco. Pagou ou não pagou. Que situação constrangedora. Mais cuidado agora D. Marieta. Confira se o documento lhe pertence mesmo. Você pisou na bola. Você também, viu? Cuidado para não cair numa dessa.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 12/02/2011
Reeditado em 20/04/2020
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