(In)Sônia!..... Também Pode Ser Feito Sem Amor...

Lembrou-se de como achava sexy um homem se interessar por notícias esportivas. Deitou-se no sofá e se permitiu lembrar de uma noite em especial: depois do amor, ainda na cama, ele ligou a televisão e começou a prestar atenção no que falava sobre futebol enquanto acariciava-lhes os cabelos, e ela, satisfeita, o observava sorrindo como quem vê seu time ganhar.

Sentiu que já não sofria mais.

Uma vez ouviu dizer que sexo com amor era muito bom, mas que sem ele poderia ser melhor. Já abominou esse pensamento um dia, e desejava voltar a abominá-lo. Mas não hoje. Estava segura sobre lembrar certas coisas, pois a muito não chorava por elas. Hoje ela queria acreditar que o “sexo aliviava suas tensões, enquanto o amor as causava”.

Não era nenhuma despudorada. Ao contrário, sempre colocava o coração em primeiro plano e ele acabava sendo o alvo de todos os tiros. E agora, recuperada de sua ultima peripécia amorosa resolveu aproveitar das lembranças que antes a machucavam. Forçavam na memória aqueles momentos quentes, bons, e se retorcia no sofá com a sensação de sentir mais prazer do que dor.

Era bom sentir-se assim. Livre! Atraente! Sabia que não era a única que andava sonhando com vampiros ao invés de príncipes*. E não queria ter medo desses sonhos permanecerem. Amanhã pensaria no que fosse correto.

Um dia, esperava estar apta para o amor de novo. Mas por hoje ela precisava dormir. Disse a si mesma: é Sônia, é preciso trabalhar nessa vida. Até isso pode ser feito sem amor. Um absurdo!

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*Menção ao texto de Lena Araújo disponível no Blog BVIWtecendoletras. Visite-nos e encontre textos deliciosos.

Entre aspas: Wood Allen.