Desejos ( ou insanidade)
E de repente vem aquela necessidade de ser. Há momentos em que precisamos mudar quase radicalmente. Não mudanças físicas, mas aquelas mais esquisitas. Sim, as tais mudanças de atitudes e pensamentos.
Mudar a forma de pensar sobre determinada coisa não é fácil. Aliás, como nos render à um conceito contrário ao que sempre carregamos? É pau, mas necessário.
De repente vem a necessidade de ser outra pessoa. Experimentar estar em outros corpos, outras mentes, sentir dores alheias. Se bem que com o egoísmo presente no mundo, é um pouco difícil alcançar tal dádiva. Mas como seria bom não ser eu, às vezes. Poder conhecer novamente as pessoas a minha volta. Poder ser outra para a minha família, para os meus amigos e enfim, notar claramente seus defeitos e qualidade. Seria bom sair um pouco de mim para notar como sou, também. Notar se sou bonita ou feia, engraçada ou melancólica, madura ou infantil. Seria bom ver tudo de um jeito diferente do meu. Seria bom me ver como tantos me analisam. Não sou mais um caso extremo de psicólogo ou coisa pior, por favor. Há quem diga isso. Mas quem geralmente o diz, é quem mais precisa. Acredito que a minha alternância de personalidade é essencial para a minha arte de vida. É essencial para a minha escrita.
De repente vem aquela vontade louca de correr para os braços da mãe e pedir abrigo. Pedir uma boa comida e um pouco de carinho. Depois, a vontade de ser livre novamente, ser dono de tudo e esquecer aquele ser carente que a pouco correu até a mãe quase implorando por afeto.
Mudamos todos os dias. Deveríamos nos reciclar sempre. Deveríamos ter a nossa dose de carência todas as manhãs, para depois sairmos mais fortes e mais seguros.
De repente vem aquela vontade de ficar calada, sentada e esperando o tempo passar. SÓ.