Esse amor que nunca morre

Pode parecer meio absurdo - e até mesmo ridículo - que eu ainda pense em você. E como penso. Sinto tanto a sua falta que é como se dentro do meu peito existisse uma ferida incicatrizável ( e eu nem sei se essa palavra existe) banhada à álcool. As vezes dói tanto que não dá nem pra chorar.

Há muito tempo eu não choro por nada, se você quer saber. É como se as minhas lágrimas tivessem congelado bem dentro do peito. Talvez seja por isso que é difícil até respirar as vezes. Eu pensei que passaria. Pensei que quanto mais tempo eu conseguisse ficar longe de você mais fácil seria voltar a viver.

Não penso em você tanto quanto antes. Não lembro de você tanto quanto antes. Mas amo você mais do que antes. Um amor surrado e insistente que se instalou na minha vida e não parece prestes a partir. Um amor que já nasceu, cresceu, deixou de ser amor e voltou com força dobrada. Um amor que ja entendeu a impossibilidade de sua existência, mas nem assim deixou de existir - e incomodar.

Sinto sua falta. Sinto falta de te ver me olhando, tentando entender as coisas que eu falo. Sinto falta de te ver surpreso com a minha falta de capacidade de ficar um dia sem cair, bater a cabeça ou tropeçar. Sinto falta de você olhar para mim com os olhos cheios de amor. Sinto falta de como me sentia com você. Me sentia completa, viva, amada. Sinto falta de te ver reclamando que eu falo demais e cinco minutos depois perguntando porque eu estou tão quieta. Sinto falta de te ver, de te ter por perto, de sentir seu cheiro, de ouvir sua voz. Simplesmente sinto falta de te ter na minha vida.

Não é uma saudade insuportável. É uma saudade que nunca me deixa, que está sempre aqui para dizer: "hey, ainda tem amor aqui dentro".

As vezes eu quase te esqueço. Quase me livro de tanto amor. Já tentei parar de pensar em você de todas as maneiras possíveis. Já tentei fazer mil coisas ao mesmo tempo, pra ver se fico com menos tempo para pensar em você. Consegui tirar a minha habilitação, fazer curso de inglês, trabalhar, escrever pro jornal da faculdade e fazer todos os trabalhos, ler todos os livros que passaram pela minha cabeça. Tudo ao mesmo tempo. E só não comecei meu curso de francês porque não tinha horário disponível. Nada resolveu. Porque eu continuava pensando em você. E porque fazendo tudo isso aconteciam coisas que eu queria muito te contar. Certas coisas só você entenderia, só você acharia graça, só você poderia saber.

Ainda tenho que lutar contra o impulso de te ligar, te contar alguma coisa, de dividir a minha vida com você. Tenho que me lembrar o tempo todo que, por mais que doa, você não quer saber da minha vida. Ainda procuro saber de você, mas tem se tornado mais difícil desde que proibi meus amigos a falarem em qualquer assunto que envolva você. Achei que assim pudesse diminuir a falta que eu sinto de você.

Não te quero mais. Não posso querer. E não sei se é pior sofrer sem você ou tentar conseguir mais algumas horas que sejam de felicidade antes de sofrer de novo. Não quero mais você, porque já nos magoamos muito. Não posso me dar ao luxo de te trazer de volta para a minha vida, a menos que você venha com suas próprias pernas. E como sei que isso não vai acontecer, tento sufocar esse grito de desespero toda vez que penso nisso. Sempre que penso que não vou mais te ter por perto, de beijar, te abraçar, sentir seu cheiro, te fazer rir com as minhas bobeiras. Tento desesperadamente preencher o espaço que você deixou aqui dentro. O problema é que eu não te quero, mas te querendo como nunca. Não te amo, te amando mais do que achei que fosse capaz. E ao invés de diminuir, a vontade de te procurar só aumenta.

Mas não, não posso fazer isso. Não posso dar o braço a torcer. Não posso, não posso, não posso. Não vou correr atras de você, como se não houvesse nada melhor para fazer. Mesmo que não tenha. Não posso te dar outra chance, sem você pedir. Dessa vez eu vou fazer a coisa certa. Dessa vez vou deixar que esse amor morra de cansaço.