Eu ou a criação de mim.
Queria viver de acordo com o tempo do mundo. Sinto-me tão atrasada por me importar com algumas gentilezas. Queria ser um dia nublado e com pouca chuva. Passear em ruas desertas e cheias de detalhes. Encontrar pessoas estranhamente interessantes e tristes. Poderia passar o resto da vida nessa redenção de sentimentos que é enxergar o mundo do meu jeito.
Às vezes dói não saber tanto e ainda assim saber tudo. Sou como brisa que machuca. Sou como um pássaro ferido e cheio de vontade. Sou a filha que se perdeu da mãe, mas que continua a procurá-la. Não sei desistir facilmente, por mais que pareça que sim. Sou forte. Sou rocha.
Queria um violão, uma música bonita e uma companhia agradável. Queria ler os melhores livros do mundo. Queria abraçar os pequenos e alcançar os mais altos. Queria tomar café com as pessoas mais inteligente e admiráveis. Queria ser importante, também. Queria chorar.
Choro por ser feliz. Choro por ser triste. Choro de saudades. Sou fraca, também. Sou carente e às vezes fico sem rumo. Sou uma vírgula essencial na vida das pessoas, até.
Me apaixono. Me torno amor e ódio. Digo coisas bonitas e depois resmungo baixinho. Não sei me definir. Só sei que sou.
Sou complexa. Tão complexa quanto esse texto que nem mais que rumo vai tomar. Não sei mais nem sobre o que estou escrevendo, mas continuarei a escrever. Só vou parar de escrever quando tiver morta. Até lá, devo tropeçar em palavras e amortercer as quedas em frases bonitas.
Queria o que não existe. Devo ser uma realidade inventada.