POR SER PANTANEIRO...

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Tenho grande afinidade com a natureza; talvez por ser de uma família de camponeses. Para mim, a natureza é expressiva...

Pelos campos vaguear

sentir o vento, respirando a vida

E livre suspirar

[...] (Álvares de Azevedo)

Por ser pantaneiro, meus sentidos se abrem para a mata, para o riacho e para sentir na mais íntima fibra do meu eu, um dos mais belos poemas descritivos de nossa língua:

A tarde morria! Nas águas barrentas

As sombras das margens deitavam-se longas;

Na esguia vigia das árvores secas

Ouvia-se um triste chorar de arapongas.

A tarde morria! Dos ramos, das lascas,

Das pedras, do líquen, das ervas, dos cardos,

As trevas rasteiras com o ventre por terra

Saíam, quais negros, cruéis leopardos.

A tarde morria! Mais funda nas águas

Lavava-se a gralha do escuro ingazeiro,

Ao fresco arrepio dos ventos cortantes

Em músico estalo rangia o coqueiro.

Somente por vezes, dos jungles da borda

Dos golfos enormes daquela paragem,

Erguia a cabeça surpreso, inquieto,

Coberto de limos – um touro selvagem.

(Crepúsculo Sertanejo - fragmento- Castro Alves)

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Imagem: Óleo sobre tela de José Ferraz de Almeida.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 09/02/2011
Reeditado em 13/06/2013
Código do texto: T2782461
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