DUROU UM DIA APENAS

Era uma flor branca de cactus, muito branquinha, radiante, viçosa. Eu a encontrei no meio da manhã. No dia anterior à tarde não havia flor nenhuma, ali naquele canteiro.

Pensei comigo: "Deve ser como essas flores que se abrem de dia e se fecham ao cair do dia...".

Acordei antes de o sol nascer para fotografá-la melhor, com tripé, com paciência, mas não mais a encontrei aberta hora nenhuma. Ela não quis mais aparecer, pois murchou todinha.

Será que minha presença a magoou? Uma flor que eu só vi uma vez, achando que podia fotografá-la melhor noutro dia, tinha sumido. A hora jamais surgiu.

ASSIM ELA FICOU


Quantos dias ela estava lá, alegre e solitária? Não sei... Só sei que ela se fechou eternamente nos dias seguintes e morreu.

O instante em que encontramos a beleza de um olhar deve sempre ser registrado, da mesma forma que todas as coisas boas em nossas vidas devem ser vividas, pois não há como voltar ao tempo passado.

Se eu cheguei no último dia desta flor, não sei dizer. Também não sei se minha presença física a fez murchar. Eu só sei que ela me trouxe muitos minutos de alegria quando viva, como também outros minutos de tristeza por vê-la partir. Entre um minuto e outro perdi muito tempo à toa.

Texto e foto
Leila Marinho Lage
Búzios, fevereiro de 2011
http://www.clubedadonameno.com



Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 09/02/2011
Código do texto: T2781061
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