Diários do IBGE - Dia 16/03/10

Após saber onde ficaríamos alocados entregamos os documentos fomos dispensados. No dia seguinte nos veríamos, já naquele que seria nosso segundo lar nos próximos nove meses. Avenida Presidente Kennedy número 13355. CIEP Cora Coralina, em Cidade dos Meninos, Duque de Caxias.

Fui o primeiro a chegar naquele lugar agradável. Me lembrava os tempos de escola. O cheiro que vinha da cozinha, a grama por aparar e tudo o mais que só os CIEP´s têm. Mirei na direção do ponto de ônibus e observei o meu superior direto, Oberdã. Parece ser um costume as pessoas aqui terem um nome que ninguém mais na face da Terra possui. Alguns minutos depois chegou o Henrique, Fernanda e o Eduardo. Falamos com a diretora e conseguimos uma sala de aula no terceiro andar já nos instalando. Atrasados chegaram Mônica e Danilo. Assim, estava completo nosso quadro.

Danilo, baixo e moreno, fazia o tipo convencido. Esperto e sagaz, parecia ter vivido mais do que de fato viveu. Serviu o exército e agora estudava administração. Sua esposa, Mônica, de pele bem morena e estatura mediana, sempre falou muito pouco, mas sempre pareceu aos meus olhos mais astuta do que aparentava. Fazia um curso técnico também em administração.

Eduardo era licenciado em História. Nerd, muito inteligente e com uma magnífica memória, era interessado em política e sabia conversar sobre quase tudo. Tentava esconder atrás de seu par de óculos algo que até bem pouco tempo não conseguia ver. Se empolgava ao falar de política, principalmente em defender o governo Lula, falar mal do PSDB e valorizar os costumes russos e o partido comunista.

Fernanda, além de ser muito bonita, era a que chegava mais perto de merecer um trabalho melhor do que aquele que teríamos. Formada em administração e com pretensões de fazer contabilidade e um mestrado, sempre mostrou clareza de pensamento e inteligência com exuberância e uma sensível delicadeza feminina. Seu sonho, conforme nunca escondera, era ganhar dinheiro em um banco. Estudiosa, conseguiu a melhor colocação de todos nós ali presentes como supervisores. Mais tarde, lamentaríamos o fato de ela não ter conseguido uma nota melhor.

Henrique era um falastrão. De imediato sabia que confiaria nele. Transparente e realista, certamente era o mais experiente dentre todos nós. Com porte atlético, corte de cabelo baixo e uma cicatriz sob os olhos, lembrava, a grosso modo um daqueles policiais rebeldes dos filmes americanos. Estudava direito e tinha como objetivo principal passar em um concurso que lhe trouxesse estabilidade e tempo para a familia.

Oberdã pouco falava dele, isso até alguns meses depois desse primeiro dia. Mas separarei capítulos a frente só para tratar desse figurão.

Eu...bom não sei falar de mim tão resumidamente. Mas creio ser agradável em alguns momentos de descontração. E irritante em outros com algumas idéias surreais. Anticonvencional e sem ética. Mas prestativo e amigável. Espero estar certo.

Além de assinarmos papéis e mais papéis não fizemos nada. Mas o pior ainda estava por vir.

Prima
Enviado por Prima em 09/02/2011
Código do texto: T2780546
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.