NOSSA FORMATURA DE TERCEIRO ANO TÉCNICO

UMA FORMATURA DIFERENTE

Em 1977 a nossa turma do segundo ano técnico do Centro Educacional Santa-mariense propôs fazer festas com o fim único de arrecadação para a formatura que seria realizada em 1978, com a turma do segundo ano normal, mas o segundo ano normal não aceitou o nosso convite. Disseram: Cada turma que se vire sozinha! Afinal de contas a turma de normalistas era bem maior do que a nossa, e elas, as normalistas, acharam que levariam desvantagens na hora da labuta. A partir daí, Dema, Geraldo, Izidrio, Jorge de Zifina, Delcides, Joãozinho de Dona Rosa, Regina, Lurdinha de Mário Campos, Godóia, Nanóia, Sissi, Celi-Dalva e Maria do Carmo arregaçaram as mangas e começaram a trabalhar, fazendo festas para arrecadação de dinheiro para a formatura de conclusão de curso. Foram idas à Correntina com chuva e tudo, até com carro atolando nos barreiros da estrada para pegarem assinaturas dos políticos para o livro de ouro. Tinham que correr atrás dos candidatos a deputados e senadores que visitavam a cidade, tanto da Arena 1 quanto da Arena 2.

Quando tinha festa organizada no Clube 2 de Julho a nossa turma começava a laborar na sexta feira, varando a noite e também aos sábado, e às vezes a grana arrecadada nem dava para pagar o conjunto, mas Jorge de Zifina , Izidrio e Geraldo negociavam (choravam as pitangas) com os donos, e assim conseguiam obter algum lucro.

Essa nossa turma conseguiu negociar com um então candidato a deputado federal, ( cujo nome não me lembro e nem faço questão de lembrar e tenho a certeza que os meus colegas também) que prometeu dar uma excursão completa para qualquer cidade escolhida pó nós, mas após à conclusão das eleições, começou a dizer que daria só o alojamento, e que o transporte seria por conta da turma, e depois que só pagaria a metade (muita lenga - lenga e enrolação, índole da maioria dos políticos brasileiros etc. )levando a turma a desistir da tal excursão e dividir o dinheiro arrecadado entre si.

Em 1978 ano da formatura, o terceiro ano normal, sem fundos para as festas de formaturas, sugeriu à direção da escola, para realizar uma única formatura juntamente com a turma do terceiro ano técnico, ideia rechaçada de pronto por todos nós.

Intransigente, a direção da escola, então comandada pela saudosa dona Silvina, muito enérgica, mas muito querida, deixou bem claro que o corpo docente diretivo do Centro Educacional, só compareceria a uma única formatura, no caso a do terceiro ano normal, e que nós ficaríamos sem a nossa formatura, caso não aceitássemos as determinações da diretoria: Decidimos ficar sem a formatura, já que receber o diploma independia da formatura em si.

Estávamos em um destes dias jogando conversa fora, Jorge de Zifina e eu, quando de repente chegou alguém dando um recado de que Dona Nena e Padre Augusto queriam falar conosco. Rapidamente Jorge de Zifina e eu fomos ter com os dois e para nossa surpresa agradável, recebemos a proposta de fazermos a nossa formatura na Igreja Católica da cidade e sem nem mesmo falarmos com o restante da turma, aceitamos de pronto. Logo em seguida comunicamos a todos os demais colegas que aceitaram de primeira também.

O Jorge de Zifina juntamente com Izidrio e Geraldo escolheram a cor e o modelo da roupa para nós os homens; Regina, Lurdinha e outras "meninas" escolheram o modelo de vestido para as mulheres, é claro.

Jorge de Zefina logo em seguida comprou uma matriz a óleo de mimeógrafo e na casa de Gordinho de João Alexandre seu cunhado, onde morava, datilografou vários convites, parecidos com convites de chá de panela, imprimiu na Livraria Santa – Mariense, e, após recortarmos varias cópias, saímos distribuindo para a cidade inteira. Até quem não morava na cidade acabou recebendo os convites.

A formatura aconteceu na missa do sábado e a igreja lotou em demasia. Primeiro houve a missa normal da noite. Tinha até gente do lado de fora! Foi uma festa muito bonita e emocionante. O Joãozinho de Dona Rosa, que proferiu o juramento, teve a felicidade de receber o canudo das mãos de Dona Zizi, que juntamente com Dona Rosa, Dona Nena, Dona Zenilda, Dona Nenzinha, Arturzita e professor Raimundo eram nomes fortíssimos na educação de Santa Maria da Vitória.

Já a formatura do terceiro ano normal, realizada no sábado seguinte teve como paraninfo o Deputado Federal, Leor Lomanto e como patrono, O grande Padre Enzo. Parecia mais uma manifestação política de comitê de recepção, já que o nobre deputado tinha sido uns dos mais votados na época. Uma espécie de Tiririca com grife que só foi eleito mais pelo nome de família, já qu era filho do político senador Lomanto Junior! O deputado falou baboseiras bonitas e mentirosas, próprio dos políticos. ( contaram a mim; não fui testemunha ocular dos fatos)

Já o Padre Enzo ao proferir seu discurso, ressaltou todas as dificuldades encontradas para o engrandecimento do Centro Educacional Santa - Mariense, deixando bem claro que em todos esses anos de luta, não tinha recebido nenhuma ajuda de políticos, quer de Salvador, quer de Brasília, só da população, e que estava surpreso de aparecer um político justamente na formatura de uma turma de terceiro normal, que nada fizera pela Associação Educacional de Santa Maria da Vitória.

Isto jogou um grande balde de água fria na macro manifestação política, afinal de contas, não se parecia com uma formatura de terceiro ano normal, e sim um comício.

A partir deste evento, a formatura que ficou comentada como uma formatura, foi a nossa. Simples, mas feita com amor e carinho e isto devemos agradecer ao Padre Augusto, Dona Nena e Dona Zenilda, que, mesmo fazendo parte da Diretoria do Centro Educacional Santa Mariense, deram um exemplo de lealdade e correção quanto a não contestarem a autoridade da Diretora, e ao mesmo tempo criaram uma solução simples e gigantesca para que a nossa turma de terceiro ano técnico não fosse punida, sem uma formatura, e é graças a eles que eu pude, recentemente, mandar fotos desta formatura para alguns colegas, como Flamarion, Jorge de Zifina, Novais, Joãozinho de Dona Rosa. Se não houvesse a formatura não haveria este momento nas nossas lembranças.

Padre Augusto, Dona Nena e Dona Zenilda, obrigado por este momento mágico do passado.

Homenagem especial aos professores, Raimundo Alcântara, Arturzita Silva Santana, Antonio Augusto Soares , Chiquinho da Almasa, Gildésio Ferreira, Padre Augusto, Dona Nena, Maria do Carmo, Ítala Soares, Dr. Leônidas Borba e Dona Silvina, grandes condutores da nossa turma durante os três anos de curso. No caso do Joãozinho, quatro anos, pois ele era egresso da primeira turma que se formou em 1977.Joãozinho havia ficado pelo caminho repetindo o primeiro ano, reprovado em matemática por meio ponto cuja professora era a queridíssima Dona Nena.

Ludrinha, Regina, Sissi, Godoia, Nanoia, Celi-Dalva, Do Carmo, Izidrio, Delcides(Ficou para trás) Geraldo, Waldemar(Dema) Jorge de Zifina e Joãzinho de Dona Rosa, quantas saudades de vocês e quanto tempo sem nos vermos pessoal!!!! Isto aconteceu no milênio passado. O tempo já parece ter transcorrido mil anos pessoal!!!!

( O foco narrativo desre texto variou em primeira e em terceira pessoa - pura distração)