P A R A G U A Y
Como prometido, volto a escrever sobre peculiaridades de minha terra, a Nação Guaraní. E aproveitando a ótima ideia do grande escritor e recantista JOSÉ DE CASTRO, vou apresentar-lhes os expoentes da Literatura paraguaia e alguns de seus textos que mais aprecio.
Quero iniciar apresentando:
J. NATALÍCIO GONZÁLEZ - Um dos valores significativos das Letras Paraguayas: poeta, contista, crítico, historiador, e sociólogo. É o iniciador do nativismo no Paraguay. Este excerto faz parte do texto "Processo e formação da cultura paraguaia".
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O Paraguai tem a característica da água: é fluente, flexível, apto para encher de seu conteúdo transparente todas as formas;
tem também a dureza da rocha; é solitário, imóvel, resistente ...
e sabemos do amor imemorial da água pela rocha: assalta, esbofeteia, corre sobre ela, a pule, e pouco a pouco, a modela segundo a imagem de sua fantasia.
E a rocha por sua vez, com sua resistência silenciosa, com sua gélida dureza, desperta e se desenvolve na água que lhe vai moldando uma série de qualidades latente.
Este drama de amor, de resistência, de mútuo influxo, desenvolve-se entre os dois setores territoriais do Paraguai(oriental e ocidental), até formar uma unidade geográfica mediante a síntese de suas deferências.
Mas a terra não cumpre seus designios de um modo direto: realiza-os através das massas humanas que a povoam.
O drama geográfico se traduz no drama da história, prolonga-se infinitamente nos acontecimentos humanos, se acha na base de todas as culturas.
Uma montanha detém a corrente da conquista; um rio arrasta sobre seu dorso palpitante as raças migratórias.
A fama das minas, despetando a cobiça humana, influenciando no ritmo dos sucessos.
As Caravelas desviaram-se do caminho graças à existência dos grandes rios interiores e o renome das terras auríferas, envoltas nas brumas do poente, o ímã que assinalou misteriosamente os rumos na bússula dos conquistadores do Rio da Prata.
O Rio Paraguai, que corre entre as duas regiões(oriental e ocidental) que constituem o corpo físico da nação Guaraní, as concilia e contribui para realizar a fusão do contraditório. Suas águas mansas, frequentadas pela feiosa agressividade dos saurios e pela beleza esbelta das garças, servem de teatro aos sucessos mais consideráveis da história paraguaia.
O Rio paterno expande seu influxo na banda oriental como na banda ocidental, introducindo em ambas regiões antitéticas elementos de conciliação, fatores de homogeneidade, um só espírito.
Em sua fuga para os mares, a grande artéria fluvial não somente realiza labor de síntese, senão que dá um sentido de universalidade ao mediterrâneo.
Abre as portas do mundo ao coração de América.
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