O cheiro que lembrava.

Nunca havia sentido aquele cheiro antes, era algo que eu não sabia decifrar, não era uma fragrância comum, ela me instigava.

Não sabia de onde vinha, mas tinha a certeza de que poderia encontrá-la.

Procurei incansavelmente nos frascos de perfumes, nas pessoas, nas flores, nas casas. Onde andava respirava atenciosamente.

Busquei-o durante muito tempo, ele havia me feito tão bem que a idéia de não conhecê-lo me desanimava.

Certa manha levantei cedo, todos em minha casa dormiam, debrucei-me na janela disposta a permanecer ali até alguém acordar... Prestei atenção em todos os detalhes,observei a rua, olhei a casa da frente era verde e com algumas plantinhas na porta, havia chovido na noite anterior e alguns passarinhos pousavam junto ao canteiro para beber a água acumulada no chão. O sol se preparava para raiar e a claridade me fazia estreitar os olhos, uma sensação de felicidade tomava conta de mim, eu não sabia explicar.

De repente, como em um despertar, senti aquele cheiro novamente, respirei fundo e reparei de qual direção ele vinha, surpreendi-me, como não pude perceber antes? A fragrância que eu mais tinha procurado em minha vida, estava ali em frente a minha janela, na casa ao lado.

Era um pé de castanhola frondoso e estava na época de seus frutos... O cheiro que exalava da planta, misturava-se com o da terra molhada, e o sol saindo, tudo tão magnífico, aquele cheiro me recordava tantas coisas, a casa velha de minha avó, o perfume de seus vestidos, o carinho de seus abraços, a candura de sua face... Por isso que tanto me cativava.

Aquele perfume me fazia feliz, me acalmava... Hoje só lembro de tantas manhas na janela e da arvore que não esta mais ali, só me resta lembrar do cheiro que ela me lembrava. O pé de castanhola.

Homenagem a minha Avó Therezinha.

LígiaRibeiro
Enviado por LígiaRibeiro em 07/02/2011
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