Escrevinhador coruja
De madrugada acordo. Altas horas como se costuma dizer. O mundo ao meu redor está no mais completo silêncio. A noite está num grande silêncio pela própria natureza, num quase absoluto silêncio. Apenas lá fora uma chuvinha fina soa. Eu bem sossegado sentado na cama pego papel e caneta no criado mudo e começo a escrever. Prefiro escrever de madrugada, pois as palavras me vêm à cabeça com maior facilidade e os pensamentos são mais claros e precisos.
De madrugada, há maior reflexão do que somos ou estamos fazendo conosco. É nesse momento possível reconhecer a grandeza dos oceanos; da vida, que tudo emana. Os oceanos residem no ajuntamento das gotas d’água. O todo será sempre composto de partes. Nós seres humanos precisamos de sermos reconhecidos e para isso sermos ouvidos. Nós, todos estamos em busca do sucesso, a autorrealização. Mas nenhum reconhecimento externo vai substituir a alegria de poder ser você mesmo.
Costumo agora escrever no começo da madrugada quando consigo distinguir que nem todos os gatos são pardos.
Hoje sou um escrevinhador coruja e uso a caneta e papel em lugar de garras.