Professor Marcante

Esta semana, eu ouvi um relato de uma jovem professora sobre "um professor marcante", e foi uma situação muito interessante. Elegância . Sensibilidade. E essa experiência que ela descreveu com tanto cuidado e respeito, fez com que eu voltasse à minha adolescência, e revivesse um acontecimento que marcou a minha vida estudantil e também envolveu um professor que eu considero “marcante”. Foi em uma prova de física. Era final de ano letivo. Prova final. E eu não estava bem. Não conseguia me lembrar das fórmulas que essa disciplina tão complexa possui. Diante desse quadro assustador : repetir de ano.( Era a única coisa que passava pela minha cabeça). Eu resolvi “filar”, e de um jeito bem particular: arranquei a folha do meu caderno onde estavam as fórmulas , coloquei-a sob a prova e comecei a fazer consultas, que ia abrindo o meu horizonte de conhecimento nessa área. Ou seja, com as fórmulas diante dos meus olhos , eu ia resolvendo as questões, até com uma certa facilidade. E lá pelas tantas. O professor aparece a minha frente e descobre que eu estava “filando”. Foi Terrível. A princípio, a repreensão, por aquele ato, digamos, desrespeitoso. E o espanto. “A folha do caderno? Você arrancou a folha do caderno”? – disse ele- como se não estivesse acreditando no que estava vendo. Eu não conseguia dizer uma palavra. Porém, para minha surpresa, ele não recolheu a minha prova. Levou consigo a “fila’. E eu continuei resolvendo as questões, agora, evidentemente, com mais dificuldade. Esforcei-me ao máximo para conseguir concluí a prova, obviamente, sem a certeza de que todas as questões estavam corretas.E após algum tempo, levantei-me da banca, e procurando demonstrar tranquilidade, cheguei até ao professor e entreguei-lhe a prova. Fui saindo rapidamente, quando ele chamou pelo meu nome. Olhei para trás , vi o professor com a folha do meu caderno à mão. Eu, ainda mais constrangido, voltei , peguei à folha e coloquei-a no caderno. O professor, calmamente, pediu para que eu a recolocar-se no mesmo lugar de antes. Eu ,sem perder o controle, folheei o caderno, encontrei a tal disciplina e fiz o que ele havia pedido. Saí da sala de aula com a convicção de que tudo deu errado. E aí, mais uma surpresa. Passei naquela disciplina. Passei de ano. É, nunca mais tive coragem de fazer algo parecido.

Soleno Rodrigues
Enviado por Soleno Rodrigues em 07/02/2011
Reeditado em 07/04/2014
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