Lembranças do mercadinho de bostinha.

Sentávamos nas calçadas, procurando por uma boa sombra lá pelas 3 da tarde. E desandávamos a falar, sempre sobre os mesmo assuntos, sempre com as mesmas opiniões e observações. Mas quem de nós atentava para isso? Ninguém. Era tudo tão bom, tão despreocupado. Que mais iriámos querer? Falar do Flamengo, do Palmeiras, falar do Milan, do Manchester, Barcelona, Chelsea. E toda vez estávamos prontos a dizer quanto e quão lindamente jogou esse o aquele jogador. As horas passavam de um jeito tão esplêndido, quando dávamos por conta, já era 6 ou 7 da noite. Quando o assunto não era futebol, vinham os animes, Dragon Ball, Fly, Naruto, Cowboy Bebop, e toda a parafernalha japonesa que era como nossas segundas vidas. Eu, Alisson, Anderson, Albert, Afonso, todos fissurados nisso. Dentre nós, Albert era mais à parte, mas mesmo assim adorava falar de animes e mulher, por outro lado detesta até hoje falar de futebol. Jogar futebol no vídeo game era nossa maior diversão, juntava quatro de nós, exceto Albert, e aí o pau comia no centro. Nunca havia um dia em que um num chamasse o outro de cagão por esse ou por aquele gol, me orgulho ainda de ter alugado na maioria das vezes, mas me envergonho das vezes em que perdi, pois sempre fui o que ficava mais irritado. Mas era uma ótima diversão. O tempo vinha tão bom, nós todos despreocupados, e conversas tão sem sentido às vezes, mas que enriqueciam nossos corações como nada mais no mundo poderia fazer. Era tão bom ficarmos imaginando ser milionários, mesmo que fosse todo mundo liso, fazendo vaquinha para comprar o biscoito recheado. Isso era muito hilário, e nada no mundo paga essas lembranças. As mulheres, essas eram alvos de tantos elogios, tantas conversas, tantas perversões. Como era bom dizer fulana é mó gostosa, isso era uma coisa que não podíamos deixar passar, e todo mundo babava por um par de meninas conhecidas de todos, as quais tachávamos de deusas, e de fato elas eram, não havia como não ser, aquelas pernas lindas, cabelos esvoaçantes, rostos perfeitos, nossa tudo aquilo nos fazia delirar. Eita tempo de saudades, que bate e aperta o peito, em tom de agonia, chamando de volta o que de tão bom aconteceu um dia.

Amizade eterna, não vou me esquecer desse tempo, em que junto com o vento, deixávamos escapar doces e torpes palavras, sempre a repetir, sempre a eternizar a doce a alegria que só grandes amizades podem proporcionar.

Meus camaradas, lembremos do mercadinho de bostinha, o maior point de nossas conversas, as discussões por conta de nossos gostos, e a amizade que levava todo mundo até lá, mesmo depois de brigar. Que tempo, que amigos, que papos, nostalgia, saudade, alegria, com essas palavras espero poder descrever o que vocês significam pra mim.

Em homenagem a 4 grandes caras que fizeram, fazem, e sempre farão parte de minha vida:

Albert - vulgo Beto.

Afonso - é o sabor

Anderson Bostinha, o rico

Alisson, o tronco.

E não podia faltar eu, o gordo.