É BOM ESCUTAR, MAS NÃO COM A CABEÇA DO QUE JÁ SOU


 
Tenho um cérebro cultivado, perpetuamente em busca do entendimento, da segurança e do meu próprio conforto. Como todo mundo. Quando este cérebro se aquieta, o que é difícil controlá-lo é possível ver e ouvir outras coisas novas, completamente ignoradas e claras. É um momento de clareza. Para tanto, entendo que preciso compreender e observar o cérebro já cultivado, como perceber as suas reações e tendências, o que ele está acostumado a exigir, enfim respeitá-lo e conhecê-lo por inteiro conscientemente e o seu inconsciente. Tarefa bem difícil. 
Mas quando consigo o ver com clareza, sem controlar ou obrigá-lo a isso ou aquilo, ou seja, sem fazer julgamentos antigos e não renovados, por tê-lo já como o modo certo de ser

_ quando consigo ver tais condições reais e já postadas, a mente como que se imobiliza e permite fluir compreensões novas, inesperadas, ainda não vividas, sejam elas boas ou más.

Quando falo ver, não é com os olhos, mas com a mente, que é muito mais rápida em perceber. Ver sem memória arquivada, para entender o que existe, o que é presencialmente.
Ver com esses olhos novos abertos ao ignorado modo de olhar.

É uma liberdade que possibilita ver de modo novo o passado e livre dele.
Quando a dor é presente, ou presente o estado de felicidade, não há esta liberdade de se ver claro com a mente.

Há que ser em momento de quietude interior, no repouso de uma pausa sábia, quanto libertadora.

Aí se pode ver e ouvir o ignorado ainda, o não sabido, o não compreendido ainda. E se pode ter uma nova visão não percebida.