Controle remoto

Vivemos a era dos descartáveis. Ainda assim há objetos que deveriam ser duradouros, mas não são. Todos eles, no entanto, vêm com um manual cheinho de instruções de uso. Se realmente seguíssemos tudo à risca, creio que alguns também não durariam muito mais que o seu prazo de garantia. Outros, talvez nem isso.

Recentemente comprei um aparelho celular (já é o quinto). Este veio com três livretos dentro de uma caixa. Um deles tinha instruções sobre vários aparelhos da marca, inclusive daquele que eu comprei. Aprendi a ligar, desligar e deixei para ler o resto mais adiante. Acontece que o manual desapareceu da face da Terra, como convém a todos os manuais.

Mas, para que me serve um celular? Pela ordem eu utilizo para: agenda de telefones, ligar e receber ligações, enviar e receber mensagens de texto... E aqui é que a porca torce o rabo. O monstrinho veio programado no modo "vontade própria"! Escreve o que ele bem quer. Outro dia quis escrever “Rio”, para enviar donativo, e o monstrinho escreveu “Sim”. Não teve jeito de eu modificar antes dele disparar. Recebi depois a confirmação de que ganhei, com aquele “Sim”, seis reais em torpedos. Agora, alguém me diga para que necessito de torpedos grátis se não consigo escrever o que quero?

Até compreendo que os objetos que precisam ser ligados na tomada ou na rede hidráulica venham com manual. Pois bem, tendo necessidade de colar o tampo da mesa da sala, não é que ontem descobri que até um tubo de cola pode vir com manual?! Pior!... Para não colar errado tive que ler.

Se tem manual para tudo neste mundo, fica uma dica ao Criador. Quando enviar para cá os próximos bípedes, não se esqueça de enviar junto o manual com aquelas coisas, tipo cuidar bem do planeta, não vender para os seus semelhantes aquilo que não quer para si... E quando alguém não seguir as instruções, basta clicar em “off”!