De partidas e saudades
De partidas e saudades
Belvedere Bruno
Não há como deter a sensação de finitude a cada partida anunciada. O "nunca mais" se fixou em meu ser, de forma que me aquieto sem antigos desesperos. Mas por onde andam aqueles que se foram?
Imagens se formam em minha mente e, então, revejo sorrisos, ouço o som das vozes, sinto o cheiro inesquecível dos invisíveis, nunca ausentes. Busco capturar o momento, mas é como um flash. Só a saudade tem força em meio ao vazio que deixaram. Prendo-a às mais caras emoções que habitam em mim. Não permito que se vá. É meu alicerce, me afaga a alma, já exausta de chorar partidas.
Por vezes, as ideias se embaralham, como se eu vivesse em universos paralelos. Uma frase marcante, uma descoberta, uma música... São tantas as coisas que me levam até eles! Porém, situo-me. Preciso manter a sanidade. Fixo o pensamento no aqui, no hoje, e deixo, por um tempo impreciso, o ontem imerso em suas calmarias.
Quantos "te amo" omiti, quanto feri, deixei de agradecer, desestimulei sonhos alheios .
Sofro pela crescente insensibilidade ao meu redor. Pessoas encouraçadas, deixando passar oportunidades talvez irrecuperáveis.
Partidas ocorrem num piscar de olhos. Preciso dizer a tantos o quanto me são caros e como sentiria sua falta se partissem. Por tempos, busquei amigos do passado e lhes confidenciei carinhos . Nenhuma receptividade. O sonho era apenas meu.
Quisera, nessa altura da vida, não mais dizer adeus. Logo penso nos ciclos que compõem o universo : nascimento, vida e morte. Procuro inserir, não sei como, nem onde, a palavra renascimento.