O tempo
A velocidade do tempo me assusta. As horas que se passam, os dias que se vão, memórias que ficam, sentimentos que se apagam da lembrança. Quando olho para trás, a vida me parece tão curta e, ao mesmo tempo, percebo que vivi tanto! Vagueio pelas marcas do passado, por recordações dolorosas da infância e descubro tantos passos dados em falso.
Meu livro da vida carrega grandes descobertas. Porque sou curiosa e nunca deixei de fazer o que quis. Ainda assim, cai em armadilhas planejadas pelo meu próprio coração. Uma culpa que não culpo, que não cobro de mim mesma e tampouco me desdobro em me fazer entender. Como diz o ditado: “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Vivi vida de rainha, de princesa e de plebéia, testando meus princípios e vendo até que ponto eu era capaz de chegar.
O medo foi meu único companheiro fiel, que me carregou, que me deu asas e me cortou as pernas. Foi o temor que me poupou de muitas derrotas, mas que me fragilizou nos momentos em que precisava de coragem. Covardia, talvez. Não, prefiro chamar de cautela.
Aprendi de tudo um pouco e de cada pouco, muito. Estudei coisas que hoje ensino, outras que nunca entendi. Percebi que não sou boa em matemática, física e química, mas que sou especial naquilo que diz respeito à emoção. E que sou capaz de compreender e reproduzir sentimentos que algumas pessoas nunca saberão nem ao menos que sentem. Isso, para mim, é um grande diferencial. O maior de todos.
Vivi amores prováveis, impossíveis, incontroláveis. E cresci com todos eles. Amadureci com a perda, com o ganho de novos horizontes, com a paisagem de novas perspectivas. As brigas me tornaram uma honorável lutadora, que não desiste tão fácil assim.
Cultivei sonhos, os maiores impulsores da minha vida. Muita coisa não deu certo, admito, mas nunca perdi o direito de sonhar. De tudo que chorei, resgatei forças para sorrir e continuar adiante. E, hoje, mesmo que ainda, mal me compreenda, sei que sou mais do que penso e sou tanta areia que não cabe em um caminhão só.